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Carnavalize

 



Lembro, ainda hoje, da primeira vez que chorei ouvindo um samba. Foi na minha pré-adolescência e escutei, sem muita atenção, Beth Carvalho cantando “O Meu Guri”, do Chico Buarque. Eu não entendi muito bem o que tinha acontecido. Sem smartphone ou mesmo internet em casa, tive que esperar encontrar o CD com essa gravação, ler a letra e entender a emoção que havia tomado conta de mim naquele momento. Nesse dia, de uma só vez, eu virei fã de Beth, de Chico e entendi que o amor podia estar em espaços muito desconhecidos por nós - numa letra de samba ou no coração de uma mãe que vê seu filho morto, “com venda nos olhos e de papo pro ar”, em uma capa de jornal. Eu, que nascido e criado em São Cristóvão, já era mangueirense, entendi também logo depois que o amor podia estar também no Carnaval e na minha relação com o mundo do samba (e de suas escolas). 

Depois disso, chorei ouvindo muitos outros sambas e vendo muitos desfiles. O último deles foi em 2019, com a aula de (outras) história(s) do Brasil que a Mangueira levou para a Sapucaí e para todo o mundo. Foi um desfile arrebatador. A pista e a arquibancada cantavam o samba a plenos pulmões e se emocionavam a cada segmento da escola, a cada carro, a cada ala, a cada paradinha da bateria. Foi uma experiência para nunca esquecer. 

E por que estou falando disso agora? Primeiro, porque, em tempos pandêmicos, em que, em um país como o nosso, o absurdo vira cotidiano, a morte viral banal e o ódio parece reinar sobre o amor, faz bem relembrar momentos como esse. Segundo, porque em 2020 eu não estive no Sambódromo e mal sabia eu, naquele momento, o quanto iria me arrepender dessa decisão. O Carnaval de 2020 foi a última alegria dessa nação, o último respiro antes de sermos todos internados, sem qualquer tipo de atenção de quem deveria zelar por nós, em um completo estado de abandono e desespero. Nem sequer a certeza de todo ano, de que sempre podemos “nos guardar para quando o Carnaval chegar” (“grande Chico iluminado!”), não a temos.

Está muito difícil pensar em Carnaval (e imagino que isso não valha apenas para mim…). Não por causa do discurso fácil de que há coisas mais importantes do que o Carnaval para se pensar em um momento como esse (ou para muitos: em qualquer momento de qualquer ano), mas justamente pela razão contrária: pela importância que o Carnaval tem em nossa cidade, em nosso país, na construção de nosso povo, da consciência crítica de nosso povo e na possibilidade que todos nós temos de pensar nossa existência, de maneiras diversas, quando pensamos nele e em tudo que o atravessa, como o samba por exemplo.

Como eu disse, em 2020, eu não estava na Sapucaí. Cheguei de uma viagem em plena noite do domingo de Carnaval. Entre malas e empurrões, vi o desfile da Mangueira pelo celular. Como para mim, o Carnaval, as escolas de samba e a Mangueira (...e a Paraíso do Tuiuti, mas aí é conversa para outra história…) são representações genuínas do amor, estava muito ansioso para assisti-la. Claro que o arrebatamento de 2019 e o lindo samba de 2020 contaram muito para ampliar esta expectativa (“Mangueira, samba, teu samba é uma reza pela força que ele tem”). 

Visão geral do desfile da Mangueira em 2019. Foto: RIOTOUR.

Entretanto, alguma coisa não aconteceu enquanto eu via aquele desfile. Me decepcionei (desrespeitando, propositadamente, de uma só vez, as regras de colocação pronominal e as regras de torcida fiel). Eu, que esperava explosão igual ou maior à de 2019, que esperava ainda mais uma identificação geral do público que estivesse na Sapucaí ou em suas casas ou nas ruas da cidade, acabei achando o desfile pouco contagiante, o samba pouco cantado, a escola escura demais e a narrativa excessivamente clássica. No fim daquela noite (ou melhor, na manhã do dia seguinte, ainda antes de dormir), não me contive e quis ver o que outras pessoas haviam achado, já que minhas impressões poderiam ser derivadas do fato de eu ter visto o desfile em uma tela de celular na confusão de um retorno de viagem. 

Fuçando páginas de jornais, postagens no Twitter e grupos de Facebook, vi que a opinião pública e a dos especialistas foi semelhante. Ninguém havia entendido como o samba mais cantado no pré-carnaval não aconteceu na Avenida. Depois de ler muito sobre o que tinha acontecido - e as muitas explicações para isso (que iam desde o horário do desfile até o tamanho das fantasias), quis ver de novo. Dessa vez, sem a expectativa. Na terça-feira de Carnaval, vi novamente o desfile da Mangueira. E foi diferente. Preciso dizer aqui (e é difícil dizer isso agora, com 2020 inteiro nas costas) que fiquei profundamente emocionado com o que havia visto. Só que a emoção não veio com o desfile, mas com as entrevistas depois dele - no tão complicado estúdio da Globo. Evelyn, Alcione, Leandro, os componentes da escola... (Que falta fez Beth!). Todos iam falando e mandando, no discurso, a letra que a Mangueira trouxe para a Avenida e para o Brasil 2019/2020. Aí acho que entendi. Dessa vez, “deu pra ouvir o desabafo sincopado da cidade”. 

Pensando (e sentindo ao pensar), entendi que talvez tivesse sido essa a proposta da escola. Sem querer ser a voz da razão, mas “abraçando a verdade” (que “nos fará livres”), a Mangueira fez pensar. A mim, a todos e, principalmente, à sua comunidade. Já estava lá na letra, só não viu quem não quis: “Favela, pega a visão! Não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão”. Não foi o Carnaval da explosão, nem poderia ser. Para a gente, que está sempre se guardando para quando o Carnaval chegar, é difícil estar nele e continuar “só vendo, sabendo, sentindo, escutando” como nos diz Chico sobre o que fazemos no resto do ano. A Mangueira em 2020 nos fez continuar assim, mas nos deixou também falar: muito mais fora da Avenida do que dentro dela.

Ano passado, em 2019, foi diferente: Leandro Vieira (e preciso nomeá-lo dentro deste texto, porque seu mérito nessa construção é inegável) colocou na Avenida o que esperávamos há muito tempo. Todos nós, em alguma medida, nos fizemos ouvir através do que a Mangueira disse. Na luta, nos encontramos, ouvimos as Marias, Mahins, Marielles, malês e vimos os Brasis que se fazem de Lecis, Jamelões e de multidões verde e rosa.

Visão geral do desfile da Mangueira em 2020. Foto: Wigder Frota.

Neste ano, 2020, foi diferente. Leandro não construiu uma história para que a Mangueira desse voz ao que queríamos dizer. Ele nos provocou a pensar sobre algo que não estava (e ainda não está) no nosso inconsciente coletivo. Ao contrário, nos fez romper com ele. A gente esperava ver outro Jesus na Avenida, assim como vimos outra história em 2019 (e, aqui, preciso abrir parênteses sobre uma conversa necessária que precisamos ter - em outra hora, talvez - sobre sambas incríveis que trazem narrativas diferentes das do enredo que visualmente se constrói na Avenida), mas a gente não viu outro Jesus. A gente viu o mesmo Jesus. O mesmo que vemos na Bíblia e sobre o qual aprendemos em aulas de catecismo, em encontros dominicais, nos filmes de Hollywood, nas conversas familiares, nos programas religiosos de TV ou de rádio. Esse sempre foi o “Jesus da gente”. A gente é que não sabia disso. Não era preciso inventar outro.

Leandro Vieira fez a genial construção de contar a mesma história de sempre, mudando pontualmente as imagens sobre ela. E sobre imagens, todos nós já sabemos, Leandro Vieira entende muito. Em 2020, não tivemos, na Mangueira, o mesmo festival de imagens de impacto que vimos em 2019, mas tivemos A imagem do desfile, que é também A imagem do Carnaval e (depois de tudo que vivemos até aqui, quero arriscar dizer) A imagem do ano: em meio a Jesus em diversas formas (mulher, índio, raivoso, bebê…), aparece o nosso Jesus, o Jesus da gente, um menino pobre, negro, tatuado, de cabelo platinado e bermuda tactel. Um Jesus, que é tomado por bandido só por ser quem ele é, ou quem ele quer ser.  
E aqui não podemos esquecer de quem foi o Jesus deles: o Jesus da Igreja católica, o Jesus que nos colonizou e tentou destruir tudo o que aqui havia e tudo que foi trazido para cá que não fosse como sua face: homem, branco, heterossexual, europeu, cristão… Esse Jesus oficial que nos fez esquecer que o verdadeiro Jesus, o que morreu na cruz, não morreu na cruz apenas para nos salvar, mas morreu nela porque foi tomado como bandido ao desafiar os homens de poder e nela morreu sem fundar qualquer religião, pedindo apenas que nos amássemos e que, portanto, enxergássemos o amor mesmo nos espaços desconhecidos por nós, como eu aprendi com Beth e Chico e com a Mangueira lá atrás. E reaprendi em 2020. 

E esse reaprendizado foi fundamental para levar 2020 adiante. Vimos, ao longo deste ano, uma pandemia que evidencia e potencializa todas as desigualdades dessa nação, vimos sequências de crimes raciais gravíssimos sendo registrados e denunciados pelas câmeras de quem não aguenta mais se guardar para quando o Carnaval chegar e vimos líderes políticos e religiosos ignorando (ou pior, desdenhando de) tudo isso. Mas vimos também lá no início do ano, que parece agora tão distante, uma imagem que já apontava para tudo isso. Esse menino Jesus na cruz, tomado por bandido, que a Mangueira trouxe, nos fez pensar (e sentir e continuar sentindo…). 

Não veio a explosão, mas veio a reflexão. E como todo bom exercício de reflexão, a resposta sempre demora a acontecer. Lá na terça-feira de Carnaval, eu já havia entendido isso. E a resposta pode demorar muito ainda para chegar, se é que chega. Como resultado da reflexão, a emoção vem ainda depois. Em mim, ela veio logo em seguida, já em um segundo olhar. Não sei dizer se a Mangueira deveria ser campeã, mas posso dizer que, junto com algumas outras, ela mereceria o título pelo que o enredo representou naquele momento. O campeonato não veio, mas o merecimento não se perde com isso. Em um ano de imagens tão fortes (algumas microscópicas), em um ano em que aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) a viver através das telas e das janelas, dos enquadres das imagens, a Mangueira trouxe uma das mais simbólicas delas. Simbolismo que se deve ao que ela representou naquele desfile, ao que representa em 2020 e ao que ainda vai representar. “A verdade nos fará livres”, disse a Mangueira, mesmo quando reinam as fake news e, junto com elas, os fake tudo. 


Diego Vargas é professor, linguista aplicado, metido a escritor. 


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por Talitha Dejesus


“Assim como as palavras, as pessoas que as escrevem não podem ser apagadas.” 
(Carolina Maria de Jesus, 1960)


Dia 14 de março é o dia do nascimento da escritora Carolina Maria de Jesus e nada mais justo do que celebrar sua vida e seu legado. Você pode estar se perguntando: ‘’Qual a ligação da escritora com o Carnaval ou com o samba?’’, mas ao longo desse texto você vai compreender…

Antes de fazer esse paralelo da história da escritora com o universo do Carnaval, precisamos entender quem foi essa mulher e a importância dela para a cultura brasileira. A intenção aqui não é contar sua biografia, mas sim exaltar sua contribuição para a literatura brasileira e levantar reflexões sobre a vida e o legado dessa figura multifacetada que foi escritora, poetisa, compositora, sambista e muito mais. 

Vinte e seis anos após a Abolição da Escravatura, nasce Carolina na cidade de Sacramento, em Minas Gerais. Neta de escravizados e filha de lavadeira, frequentou a escola por apenas dois anos, onde pegou o gosto pela leitura e escrita. Ela chegou a São Paulo quando a cidade estava em processo de modernização e viu as primeiras favelas aparecendo. Construiu o seu barraco e, em 1947, se alojou na favela do Canindé. Lá, trabalhou como catadora de papel para sustentar a si e a seus três filhos que criava sozinha.

Carolina ficou mundialmente conhecida por seu livro ‘’Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada’’. O best-seller, publicado em 1960, relata suas vivências na favela e sobre como sobreviveu à fome. Nele, ela descreve a dor, o sofrimento e as angústias dos favelados de forma única, retratando a realidade assim como ela é, o que até hoje segue sendo um relato atual da condição de vida das favelas brasileiras. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.

 
Carolina em 1961, antes de embarcar para o Uruguai para lançar o best-seller Quarto de Despejo.(Foto: Acervo Estadão)


Sabemos que a história dos negros e das mulheres sofre tentativas de apagamento diante de uma sociedade racista e machista. Carolina também foi vítima desse processo de invisibilidade, de forma dupla, por ser mulher e negra. 

O que poucos sabem é que Carolina, para além do Quarto de Despejo, publicou ainda em vida mais três livros e deixou guardadas mais de cinco mil páginas manuscritas, totalizando 58 cadernos que contêm sete romances, mais de sessenta textos com características de crônicas, fábulas, autobiografia e contos, além de mais de cem poemas, quatro peças de teatro, doze marchinhas de Carnaval e, em 1961, chegou a gravar um disco com canções compostas por ela mesma.

Apesar de silenciada, depois do estrondoso sucesso, ela se mantém como uma importante representante da literatura brasileira, tendo sua escrita como ferramenta de denúncia, protesto e desabafo. 

A autora também anuncia os dilemas de ser mulher: quando criança, desejou mudar de gênero e sonhou em se tornar homem. Isso não aconteceu porque queria mudar seu corpo, mas por conhecer as barreiras que lhe trariam sua condição feminina. Em seus escritos, também podemos encontrar muitas marcas de oralidade, que entendemos como uma herança africana. Ao relatar as suas próprias histórias cotidianas, ela reverencia os griôs – em alguns povos da África, eles são contadores de histórias que têm o compromisso de preservar e transmitir conhecimento e cultura. 

 
Carolina às margens do rio Tietê. (Foto: Reprodução)

A escritora era moradora da favela do Canindé, próxima ao rio, e era ali onde ela lavava suas roupas e pegava água para seu consumo e de seus filhos. Alguns trechos de seu best seller relatam a relação da autora com o Tietê. 

A ascensão da literatura negra e da literatura feminina foi fundamental para sua retomada ao cenário literário e acadêmico. Seus livros passaram a ser tema de teses e dissertações nas universidades e se tornaram leituras obrigatórias em escolas e vestibulares.
Como forma de manter seu legado, podemos encontrar muitas homenagens à autora em documentários, peças de teatro, pinturas, grafites, poemas, reportagens, feiras literárias, nomes de ruas e bibliotecas e muito mais…

Levando em consideração as origens da festa carnavalesca, é muito comum sermos presenteados com enredos sobre ancestralidade, religiões de matrizes africana e homenagens a personalidades negras, como é o caso de Carolina Maria de Jesus, que já foi homenageada no Sambódromo do Anhembi e na Marquês de Sapucaí. 

Como forma de reverenciar essa figura gigante, fã da folia e reforçar seu legado cultural e social, vamos relembrar desfiles em que a escritora foi homenageada: 

Desfile da Renascer em 2017. Foto: Ana Cristina Victória

Em 2017, pelo grupo de Acesso A, a escola de samba Renascer de Jacarepaguá desfilou com o enredo ‘’O Papel e o Mar’’, baseado num curta-metragem com o mesmo nome que narra um encontro imaginário entre a escritora e o almirante negro João Cândido, líder da Revolta da Chibata.

Foto: O Globo.


No Carnaval de 2018, Carolina foi homenageada pelo Salgueiro, dentro do enredo ‘’Senhoras do Ventre do Mundo’’, que fazia um tributo à mulher negra, representando desde rainhas guerreiras a figuras contemporâneas da força feminina. O carro que encerrou o desfile trazia uma releitura da obra Pietá, de Michelangelo, que em sua versão original representa Jesus Cristo morto nos braços de Virgem Maria e, no desfile da agremiação, era uma mulher negra vestida com textos da escritora retirados do livro "Quarto de Despejo".



Levando o campeonato do Carnaval carioca em 2019, com ‘’História pra ninar gente grande’’ a Estação Primeira de Mangueira também prestou homenagem à Carolina. A ala “São Verde e Rosa as Multidões” representou as multidões de moradores de comunidades espalhadas pelo Brasil, com homens e mulheres carregando bandeiras de grandes personalidades, como por exemplo, o da escritora. 

Foto: Riotour.

“Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder!” foi o enredo da União da Ilha no Carnaval de 2020. Apesar do rebaixamento, o desfile tratou o tema importante da exclusão e invisibilidade social e mostrou que o caminho para vencer as mazelas é a educação. Com isso, a escola trouxe um elemento cenográfico no início do desfile homenageando a escritora em sua comissão de frente. 

Também em 2020, mas dessa vez no Sambódromo do Anhembi, Carolina foi reverenciada dentro do desfile da escola de samba Tom Maior. Com o enredo ‘’É Coisa de Preto’’, a escola teve como proposta enaltecer a negritude e lembrar como o povo negro contribuiu com o desenvolvimento da sociedade. Enaltecendo figuras negras que o racismo estrutural tentou ofuscar, Carolina foi uma das homenageadas em uma ala, que tinha como figurino páginas de um livro e, no chapéu, reprodução dos barracos da favela do Canindé. 

‘’Salve o povo da rua. 
Abre caminhos pro destino abençoar
Sou eu, Carolina de Jesus 
A voz da pele preta a ecoar.’’

 

Esse é o trecho do samba enredo da Colorado do Brás para o próximo Carnaval. A escola levará para a avenida o enredo “Carolina - A Cinderela Negra do Canindé”, que será desenvolvido pelo carnavalesco André Machado, em sua estreia na agremiação. 

Carolina nunca parou de escrever e nunca parou de dizer. Suas obras se tornaram a impressão da voz negra e feminina e daqueles que, por muito tempo, foram invisibilizados. Seu legado se perpetuou através do tempo para que nunca se esqueçam de que ela foi uma mulher negra resistente e representante da cultura brasileira, dentro e fora do nosso país. 

A vivência de Carolina é um grito de socorro que precisa ser ouvido, afinal, quantas Carolinas não existem por esse nosso Brasil? 





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Arte: Vítor Melo
Texto: Talitha Dejesus
Revisão: Luise Campos

Levanta, povo, cativeiro já acabou… 

Neta de escravizados por parte de mãe, a parteira de nome Amélia de Jesus dos Santos e de negros forros por parte de pai, o pedreiro e capoeirista Paulo Batista dos Santos, a cantora nasceu na cidade de Valença, no estado do Rio de Janeiro, um polo da cultura afro-brasileira por conta do fluxo de ex-escravizados que trabalhavam forçadamente no cultivo de café.


Moro na roça iaiá, nunca morei na cidade…


Ainda criança, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, para Oswaldo Cruz, onde anos depois nasceria a escola de samba Portela. Desde pequena, Clementina ouvia sua mãe cantar enquanto lavava as roupas na beira do rio e, dessa forma, por meio da transmissão oral, assim como faziam os africanos, ela foi carregando a herança que revolucionaria o samba anos mais tarde. Mulher, negra, nascida na periferia, mãe solo e por anos lavadeira e empregada doméstica, mesmo tendo sido descoberta tardiamente, a cantora foi um dos pilares do samba brasileiro. Com sua voz rouca, potente e ancestral que entoava cantigas, jongos, partido-alto e curimbas, se tornou a representação do canto negro no Brasil. 

Clementina pelos olhos de Walter Firmo em 1978. 

Na adolescência, Clementina participou do grupo de Folia de Reis de seu João Cartolinha, o responsável por levar a cantora para o Bloco As Moreninhas das Campinas, embrião da escola de samba Portela. Lá, ela conheceu grandes nomes da música como Paulo da Portela, Claudionor e Ismael Silva. Nesse mesmo tempo, foi convidada por Heitor dos Prazeres para ensaiar suas pastoras, o que fez durante muitos anos. Até então, Clementina cantava apenas por prazer e não profissionalmente. Ao se casar com Albino Pé Grande, em 1940, mudou-se para o Morro da Mangueira e de lá não saiu mais.

Foi apenas no início dos 1960, já com 63 anos, que a cantora e compositora despontou no universo musical. Zicartola, o reduto cultural para além da música, sendo também um espaço de resistência política nos tempos de chumbo, foi o espaço responsável pela reviravolta na vida da cantora. Antes disso, ela já cantava na Taberna da Glória, onde, em determinada ocasião, conheceu e encantou o produtor e compositor Hermínio Bello de Carvalho. Mas foi na inauguração do bar que o artista a reencontrou e a convidou para o espetáculo ‘’Rosa de Ouro’’, show que a consagraria. Clementina estava sempre rodeada por grandes bambas, como os que faziam parte do espetáculo: Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento e Aracy Cortes. 

Clementina de Jesus entre Elton Medeiros e Paulinho da Viola no espetáculo Rosa de Ouro, show de grande valor histórico. Foto: O Globo.


“A nêga Clementina de Jesus já passou por muita coisa na vida. E hoje, para viver, beirando os 80 anos, necessita ainda se locomover por esse Brasil inteiro fazendo a única coisa que ainda pode: cantar. Mas a nêga véia está cansando, seu Ministro [...]”

Esse é o trecho de uma carta que Clementina escreveu para o Ministro da Previdência da época, Jair Soares, pedindo sua aposentadoria. Apesar do grande desponte, a artista não teve grande sucesso comercial e chegou a passar por problemas financeiros. 

Com toda sua riqueza ancestral, Rainha Quelé foi uma peça fundamental para a popularização do samba. No entanto, mesmo depois de alcançar notoriedade dentro e fora do Brasil, não foi reconhecida como uma grande artista.

Clementina teve pouco tempo de carreira, mas foi o tempo suficiente para eternizar o seu legado e se firmar como o elo entre a diáspora africana e o Brasil através da música. O que se torna interessante por uma curiosidade: embora participasse das festas em homenagens aos orixás, Quelé era católica fervorosa e convivia com cânticos religiosos cristãos e os de matriz africana. Foram inesquecíveis os jongos, curimbas, pontos de umbanda, curimãs, caxambus, lundus, cantos fúnebres oriundos do interior do Nordeste e do Vale do Paraíba que ganhavam vida em sua voz, assim como as cantigas, afoxés e partidos que improvisou em rodas de samba de quilombos como Portela e Mangueira, presenciadas por Aniceto do Império e Carlos Cachaça. 

Já brilhou nos caxambus. E hoje aqui ela é rainha. Clementina, cadê você?



Clementina e sua paixão, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Foto: Acervo O Globo


Sem se dar conta do tamanho de sua importância, a artista, que apesar de sempre elegante, era sempre simples e humilde, quebrou barreiras sociais e políticas em um país que não reconhece o protagonismo negro e feminino em nossa cultura. Quelé foi um marco não só no samba, mas também para a música popular brasileira. A partir dela, a africanidade e os ecos de um Brasil de uma época escravocrata ganhavam espaço na mídia de uma forma não vista antes. Através da voz, do canto, dos gestos e do vestuário de Clementina, a cultura negra passou a ser vista com outros olhos. 

A cantora gravou 13 LPs, contando com álbuns solo e participações em obras coletivas. O destaque fica para o disco ‘’O Canto dos Escravos’’. Nele, 14 cantos ancestrais dos negros benguelas de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina, município de Minas Gerais, são interpretados por ela e por mais dois defensores da preservação das tradições ancestrais afro-brasileiras na música: Geraldo Filme e Tia Doca da Portela.

Clementina foi querida e reverenciada por grandes nomes da música brasileira como Elis Regina, João Nogueira, Clara Nunes, Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Bosco. Suas canções nos embalam até hoje pelas rodas de samba Brasil afora. A alma e a nobreza da cultura negra estão eternizadas no legado de Quelé.

Podemos assimilar a imagem de Clementina à da yabá Nanã: a memória do povo, a experiência de vida, os aprendizados mais profundos e a sabedoria. Salve, salve Clementina! A orixá que tivemos a honra de testemunhar em vida.


Clementina de Jesus em seu apartamento no Rio de Janeiro - Julho de 1979. Foto: Walter Firmo


Referências:

Livro: Quelé, a Voz da Cor: Biografia de Clementina de Jesus (Civilização Brasileira, 2017)

Filme: Documentário Clementina de Jesus: Rainha Quelé (2011)

Internet: www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-memoria/2014/07/17/clementina-de-jesus





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Arte: Vítor Melo.

por João Vitor Silveira
Revisão: Luise Campos


Começar o texto com um questionamento é sempre uma estratégia interessante para estimular o leitor e fazê-lo pensar junto sobre o assunto que queremos tratar. Porém, neste momento em que vivemos, essa pergunta vai para além de uma simples estratégia de escrita ou maneira de produzir um título de impacto. É uma reflexão que se faz necessária e muito tem me causado aflição – e acredito que não seja o único. 

Não é de hoje que esse tipo de ponderação ronda a cabeça daqueles que vivem e respiram o Carnaval e, de alguma maneira, também conversam com outros corações apaixonados pelas agremiações. Sempre se discute o afastamento gradual delas suas comunidades, a distância das quadras de suas origens, as cifras que comandam a manifestação cultural e o foco quase exclusivo no aspecto competitivo do Carnaval.

A rapidez com que muitos chegam à conclusão de que as escolas estão sob o risco de acabar, ainda mais diante de um ano em que os festejos e o cortejo não irão ocorrer, evidenciam que perdemos o prumo em algum momento dessa caminhada. Quando pensamos em tudo o que nos faz amar a cultura do Carnaval, o desfile deveria ser tratado como um momento de euforia, um instante em que todos aqueles aspectos artísticos, culturais e musicais se concentram num grande momento de explosão catártica e cativante.

Os desfiles deveriam ser um subproduto da nossa cultura, não o objetivo final. 

Existe um momento em que todo amante do Carnaval precisa defender aquilo que tanto ama. Para isso, evoca o que deveria significar de fato o termo “Escola de Samba”. Essa, geralmente, é a hora de adentrar o contexto da criação das escolas, em que elas se colocavam na posição de gerar sociabilidade para suas comunidades, sendo um ponto de convergência para um povo marginalizado que tinha no canto, na dança, nas tradições religiosas uma forma de se enxergar como iguais e se ver com orgulho como o povo forte que é. 

As “Escolas de Samba” têm, acima de tudo, um compromisso social para com a sua comunidade. E aí não resumindo comunidade ao termo geográfico, mas significando toda a rede que apoia e encontra apoio na existência de uma agremiação. Encontrar maneiras de resistir e reexistir são essenciais. E foi justamente assim que as escolas fizeram para chegarem até aqui vivas, escapando do destino que atingiu as grandes sociedades, os ranchos e os cordões. 

Isso tudo é mais latente e grave quando pensamos no contexto em que vivemos. Como em nenhum outro momento deste século, a comunidade das agremiações precisa da presença viva das escolas em sua vida, da maneira que lhes são possíveis, respeitando as limitações sanitárias existentes. Mas é preciso ter clareza para enxergar as decisões como sendo provenientes de uma preocupação sanitária ou meramente de uma preocupação competitiva. 

No modelo atual de feitura dos desfiles, a roda gira muito rápido na cadeia produtiva do Carnaval. Sempre se teve em mente os momentos do calendário em que os enredos seriam divulgados, os sambas iriam começar a ser disputados e a grande obra se sagraria vencedora. Esse tempo se dava de maneira que, por quatro ou até cinco meses, o samba pudesse ser trabalhado junto à comunidade de forma exaustiva, para que fosse apresentado nos desfiles e pudesse alcançar um bom desempenho. 

Na nossa realidade hoje, essa é uma questão delicada. Um samba escolhido em janeiro de 2021 teria pelo menos um ano de maturação com seu público antes de ser defendido na Avenida. Considerando a janela de tempo padrão, seria quase o triplo do tempo em que esses sambas estariam sendo defendidos. A preocupação com essa janela de tempo provém do risco de o samba ficar saturado com sua comunidade (e até mesmo com a comunidade externa à agremiação) e não render bem no desfile. 

Mas deveria ser a nossa preocupação neste momento o possível rendimento de um samba no próximo desfile?

Se a resposta, que para mim é evidente, for um não, qual é a justificativa para as escolas cancelarem as disputas? A grande parte de seu público, no ano de 2020, esperou ansiosamente pelo momento em que teriam a oportunidade de ter contato com as agremiações que compõem e tanto amam. As disputas se encaixam nesse contexto, indo além de uma mera seleção de sambas. Elas também foram uma forma de trazer alento para uma comunidade que se viu afastada do seu mecanismo de sociabilidade, de laços e de sobrevivência durante um ano tão difícil. 

Mas, no contexto que enfrentamos, esse pensamento não se baseia apenas na manutenção dos ideais sociais das escolas. Ele também se reflete no rigor do sustento de tantos trabalhadores que serão afetados com a não realização dos desfiles no ano de 2021. As lives com as disputas de samba seriam uma maneira com que as escolas poderiam manter a roda girando para os seus próprios funcionários, arrecadando fundos por intermédio de patrocínios, podendo assim pagar seus trabalhadores mais fragilizados. Além disso, estariam também aquecer a economia para os seus intérpretes e músicos, que voltaram a defender as obras concorrentes e estabilizar sua renda com isso.

Podemos, ainda, ir além de enxergar apenas os sambas como uma maneira de se conectar com sua comunidade e de angariar fundos. As escolas têm em seu quadro de funcionários alguns dos artistas mais talentosos e proficientes de todo o país. Não há a possibilidade de realizar, em suas quadras, exposições visuais contando com obras desses artistas que trabalham na escola e, a partir disso, se conectar com a comunidade e também trazer patrocínios para as escolas? 

É preciso pensar em maneiras de ocupar o calendário do ano, para que não se veja mais um ano de afastamento das escolas de seus públicos, num momento de tanta dificuldade, horando assim o nome “escola de samba”, se conectando com sua comunidade e abandonando a lógica de funcionar com o único e exclusivo intuito de desfilar. As escolas de samba devem desfilar porque existem e não existirem para desfilar, pois no momento em que qualquer contexto adverso ameaça a organização do desfile per se, ameaça também a existência das agremiações. 

E também é preciso pensar com cuidado, dentre as escolas que decidiram por interromper as disputas, no contexto em que esses concursos vão retornar. Os regulamentos durante a pandemia possibilitaram a participação de compositores que, considerando os custos usuais das disputas, não teriam a chance normalmente de fazerem parte desse processo. Mas, no modelo em vigência, vários puderam entregar suas obras e participar do concurso, muito por conta dos baixos preços exigidos para as inscrições e também pela falta de necessidade de pagar torcida, camisas e cerveja, entre outros gastos. 

Mas, mesmo assim, a despesa com gravações e com o palco durante as disputas não é pequeno e, sendo assim, houve a necessidade para essas parcerias de um extenso e cuidadoso planejamento financeiro, que pode ser atirado pela janela caso as escolas só decidam retomar esse processo num momento em que o acesso às quadras seja permitido. Nesse contexto, com o público ávido por poder voltar à atividade que tanto amam, os pequenos compositores serão atropelados pelos custos exorbitantes que não estão gastando no momento. A possibilidade da retirada de obras em massa ou de compositores que não terão torcida frente aos grandes escritórios é grande. As escolas precisam se assegurar que essas parcerias estejam resguardadas.

De uma forma ou de outra, mesmo que decidam manter a suspensão das disputas, é urgente que as escolas encontrem maneiras de promover a sociabilidade, dentro dos limites sanitários impostos, promovendo a conexão com suas comunidades para fazê-las sobreviver, tanto no aspecto financeiro quanto sendo verdadeira para com os seus ideais. Sumir do imaginário social até ser possível realizar as disputas de forma presencial é jogar mais uma pá de cal no ideal das “Escolas de Samba” e chegar mais perto das “Escolas de Desfile”.





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por Bernardo Pilotto

Nos anos 1930, os diversos morros da Tijuca já eram habitados há alguns anos e em vários deles as manifestações carnavalescas se faziam presentes. Em 31 de dezembro de 1931, integrantes de 4 blocos da região decidiram se juntar para fundar a primeira escola de samba daquela área e assim nasceu a Unidos da Tijuca, sediada no Morro do Borel. 

A nova escola já nasceu grande e foi a campeã do carnaval em 1936, com o enredo “Sonhos Delirantes”. Eram tempos ainda de consolidação dos desfiles, que tinham aspectos muito diferentes dos de hoje. A Unidos da Tijuca teve, inclusive, papel importante nesse processo, visto que é atribuída a ela o uso de alegorias que se relacionassem com o enredo proposto. Após esse carnaval, seu melhor resultado se deu em 1948, quando foi vice do Império Serrano.

Dentre esse período, a escola se manteve desfilando em alto nível e entre as grandes escolas até 1959, quando foi rebaixada. Coincidentemente (ou não), esse é ano que o Acadêmicos do Salgueiro, escola de um morro vizinho ao Borel, começa a ganhar destaque fortíssimo no carnaval carioca. 

Comemoração do vice-campeonato da Tijuca em 1948. Foto: Jornal do Brasil/Reprodução: Leonardo Bruno.


O rebaixamento em 1959 teve grande impacto na Tijuca, que ficou no segundo grupo até 1980, quando conseguiu o acesso ao ser campeã do grupo precedente. Era um momento de “mudança de ares”, tanto no Brasil quanto na agremiação. A partir daí, a escola passa a ter enredos que dialogavam com o momento de luta por abertura política que nosso país vivia, passando a chamar atenção, mesmo sem ficar nas primeiras colocações. 

São desse período, por exemplo, os enredos “Macobeba - O que dá pra rir, dá pra chorar” (1981), “Lima Barreto, mulato pobre, mas livre” (1982) e “Templo do Absurdo - Bar Brasil” (1988). 

O pavão foi conquistando colocações intermediárias durante os desfiles seguintes, até que em 1998 foi novamente rebaixada. Mas, diferente do ocorrido em 1959, logo se recuperou, com um grandioso desfile e um ótimo samba (“O Dono da Terra”) em 1999. Ao só receber notas 10 dos jurados, a Unidos da Tijuca voltou com tudo para o Grupo Especial. 

Nos anos 2000, a agremiação tijucana voltou a disputar as primeiras colocações. Foi vice-campeã em 2004 e 2005, quando o carnavalesco Paulo Barros apresentou ao mundo as suas “alegorias humanas”, que logo se tornaram um dos temas de debate dos apaixonados pela festa na época. A Unidos da Tijuca passou a sempre constar entre as favoritas dos desfiles e o título veio finalmente em 2010, repetindo-se em 2012 e 2014. Em 2016 a escola ainda foi novamente vice-campeã. 

Nesses últimos anos, a agremiação vem passando por um processo de reorganização, fruto também do acidente com um carro alegórico no caótico carnaval de 2017. Em 2020, com “Onde Moram Os Sonhos”, teve um dos melhores sambas-enredo do ano, embora não tenha feito uma grande apresentação. Para o próximo carnaval, a Unidos da Tijuca apostou no carnavalesco Jack Vasconcelos e apresentará um enredo sobre o guaraná.


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