Se para as escolas do Grupo
Especial 2017 foi um ano difícil, a situação do Grupo de Acesso não foi diferente. As agremiações tiveram que usar a
criatividade e muita reciclagem dos anos anteriores para driblar a crise. O segundo grupo paulistano infelizmente não tem a mesma força e sucesso do grupo
principal. O público presente no Anhembi também é inferior, e por acontecer no
mesmo dia que o Especial do Rio de Janeiro, os desfiles muitas vezes são deixados de lado.
Porém, é preciso ressaltar que o carnaval do acesso
está cada vez
maior e mais disputado, como aconteceu neste ano.
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A campeã do Acesso 2017, a X9 (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
A campeã foi a X-9
Paulistana. A escola que caiu do Especial em 2016, veio forte para buscar o retorno à divisão de elite. Perseguindo o acesso, a agremiação contou com o retorno do consagrado carnavalesco Lucas Pinto. A "X" apostava em, principalmente, dois quesitos:
enredo e samba. O primeiro, que ao ser divulgado, pegou todos de surpresa, foi
muito bem contado na avenida, sendo de fácil assimilação. O samba, que não era
um dos mais elogiados da safra, foi corretamente conduzido pelo intérprete Darlan Alves, estreante na escola. Ele, que construiu sua história na
Rosas de Ouro, foi um dos melhores intérpretes da noite e melhorou consideravelmente o desempenho
do samba. Também é preciso destacar o casal de mestre-Sala e porta-Bandeira,
que teve poucos meses de ensaios. Entretanto, fizeram um grande trabalho no
Anhembi. A Comissão de Frente também foi um destaque. No comando da coreógrafa
Yaskara Manzini, a comissão iniciou com gosto o desfile da escola. A parte plástica alternou altos e baixos. O abre-alas era de Grupo Especial, com uma
bela iluminação e um bom acabamento, porém o nível alegórico foi caindo ao
longo dos setores:algumas falhas de acabamento e uma escultura no terceiro carro que
estava sem metade do braço. O ponto negativo do desfile ficou por conta da
harmonia. O canto era inconstante, e enquanto alguns componentes cantavam, outros
apenas entoavam o refrão principal, ou nem isso. Apesar de erros, a X-9 conseguiu
o resultado que almejava e tornou-se campeã do Grupo de Acesso.
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O 1º casal da Independente, Cley e Lenita (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
Em segundo lugar e conseguindo
também uma vaga no Grupo Especial, terminou a Independente Tricolor. Com um desfile
extremamente técnico e luxuoso, a agremiação da Vila Guilherme surpreendeu a
todos que estavam no Anhembi.
Na estreia do carnavalesco Vinicius
Freitas - filho do grande Jorge Freitas - a vermelho e branco encantou com a sua imponência em alegorias e fantasias, Os carros apresentaram um acabamento primoroso, principalmente o
segundo , que representava Pinóquio e foi um dos mais belos da noite de
domingo. As fantasias também estavam belíssimas. O primeiro casal de
mestre-sala e porta-bandeira, Cley e Lenita, também se destacou com um bailado
elegante. A fantasia de Lenita também impressionou bastante. A comunidade cantou com muita
alegria o samba-enredo e mostrou a força do seu chão. A evolução foi constante
e não teve problemas durante o desfile. De negativo, apenas o enredo que foi de
difícil compreensão e não seguiu uma "linha do tempo". Mas nada
que tirasse o brilho de um grandioso desfile da Independente e a impedisse de almejar o Grupo Especial. Ademais, a agremiação contou com a presença de Jorge Freitas, que ajudou na organização da escola e auxiliou o filho.
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O Abre-alas da Colorado do Brás (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
A terceira posição da tabela acabou com a Colorado do Brás. Em um desfile colorido, leve e solto, a escola cativou o público.
Com um samba animado, a agremiação levantou as arquibancadas.
A
escola do Pari apostou em alegorias bastante coloridas e de fácil compreensão. Apesar das falhas de acabamento em algumas esculturas, o conjunto alegórico
passou muito bem pelo Anhembi. As fantasias, apesar de serem simplórias, estavam
bonitas e de encher os olhos. Outro destaque foi o casal de MS&PB que
desfilou com leveza e elegância, encantando a plateia. A harmonia também
passou correta, e o alegre samba-enredo ajudou os componentes no canto. Carro
de som e bateria também fizeram bons trabalhos. De negativo, a evolução, que esteve muito inconstante durante o desfile. Pouco se esperava da Colorado, mas a alvirrubra pisou forte na passarela e mostrou a força e garra da comunidade que faz
todos os seus ensaios na rua. Brigando nota a nota com a Independente, a
agremiação ficou para trás apenas no último quesito e terminou com o terceiro posto. Uma grata e feliz surpresa.
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O Camisa teve a árdua missão de falar sobre João Cândido (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
Em quarto lugar, ficou o Camisa
Verde e Branco. Com um desfile muito impactante, principalmente nos quesitos de chão, a escola da
Barra Funda estava embuída no sonho de voltar ao Grupo Especial, e mostrou isso no
Anhembi. Com um dos melhores samba-enredos da safra, a verde e branco fez um
dos maiores desfiles da noite. A comunidade entoou a letra a plenos pulmões;
todos os componentes cantavam com gosto. A evolução, por sua vez, foi regular.
O samba, composto em 2003 e reeditado neste ano, foi bem conduzido pelo intérprete carioca Thiago Brito, estreante na escola. A
bateria, apesar de não ter sido uma das melhores do dia, cumpriu o seu papel.
Outro destaque foi a comissão de frente, muito bem ensaiada e coreografada, que
iniciou o desfile com o pé direito. As alegorias apesar de apresentarem falhas de
acabamento, eram de fácil compreensão. Era impossível não colocar o Camisa
brigando pelo título após a sua passagem no Anhembi. No mais, a escola cometeu
poucos erros graves que pudessem tirar muitos décimos. Entretanto, na apuração o
contrário aconteceu: a verde e branco sofreu em muitos quesitos, principalmente
em samba-enredo, gerando controvérsias, e terminou num decepcionante quarto
lugar.
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A Leandro de Itaquera trouxe um samba histórico para o Anhembi, Babalotim! (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalzie) |
A quinta colocação foi da Leandro de
Itaquera. Reeditando Babalotim, um dos maiores sambas do carnaval de
São Paulo, a agremiação da Zona Leste buscava o retorno ao Grupo Especial. Com
um bom desfile, mas abaixo de algumas outras escolas, a Leandro, mesmo com o
excelente samba, não passou da metade da tabela
. A comissão de frente estava com uma belíssima fantasia e uma coreografia de bastante impacto; o abre-alas, apesar de simples, estava bonito e bem acabado. Parecia
que a Leandro iria brigar lá em cima, mas ao longo do desfile o conjunto
alegórico e as fantasias caíram de nível. Em que pese os problemas de acabamento,
pode-se destacar o carro que veio logo após as baianas - que estavam
fantásticas. As fantasias apresentaram muitas irregularidades e também estavam
com problemas no acabamento. A comunidade de Itaquera
cantou o samba com muita garra. O samba-enredo foi bem conduzido pelo
intérprete Daniel Collete, em seu primeiro desfile na escola. A bateria também tocou sem sobressaltos e ajudou na valorização do samba. Mesmo assim, para a plateia, Babalotim não
aconteceu. As arquibancadas estiveram mornas e não cantaram com vigor a icônica obra. Outro problema foi a evolução: apesar de um início
regular, no final do desfile a escola teve que diminuir o ritmo para conseguir
terminar no tempo mínimo, tanto que, chegando perto da dispersão, a bateria
parou por alguns minutos até voltar a andar e terminar a sua passagem. Apesar
dos erros, a reedição de Babalotim foi um momento histórico. Quem teve a
oportunidade de assistir ao vivo com certeza guardará esse momento único. Já
para a Leandro, o desejo de voltar ao Especial foi adiado mais uma vez.
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A sexta colocada do Acesso paulista, Pérola Negra (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
Atrás da Leandro, e na sexta posição, esteve o Pérola Negra. Após cair em 2016, a escola da Vila Madalena tentava se
reerguer e voltar ao grupo de elite, porém isso não aconteceu. Com um enredo de
difícil compreensão e um samba que não era um dos mais elogiados, a agremiação recebeu muitas notas baixas e amargou o sexto lugar.
A escola teve os quesitos visuais como destaque. As alegorias estavam muito bem acabadas e coloridas. O
abre-alas - assim como o da X-9 - era de grupo especial. As fantasias também estavam
bonitas, porém uma ala estava apenas com a camisa da agremiação, calça
legging e boné, destoando das demais. Mestre-sala e porta-bandeira estavam bem vestidos, e se apresentaram com elegância. A harmonia, que sempre foi um dos
problemas da escola, passou regular. Os componentes cantavam, mas não com a
mesma intensidade e força das coirmãs. Infelizmente, o Pérola pecou em
alguns quesitos. O enredo foi de difícil compreensão, a começar pela comissão
de frente. O samba, apesar de ser bem conduzido pelo intérprete Juninho Branco e
o carro de som, não rendeu na avenida. A escola também teve problemas de
evolução. Formou-se um buraco durante o desfile, entre uma ala e o último
carro. Ademais a agremiação acelerou sem necessidade o passo no fim do desfile, porque estavam com um bom tempo no cronômetro. Com essa série de
erros, que não passou despercebida pelos olhos do jurados, o Pérola teve de se contentar com o sexto lugar.
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O desfile com autoria do carnavalesco Mauro Xuxa ficou apenas na sétima colocação (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
O Imperador do Ipiranga, por sua vez, terminou em penúltimo lugar. A escola, que também apostou numa reedição para tentar voltar
ao Grupo Especial, amargurou a sétima posição e quase o rebaixamento para o
Grupo I. Com a estreia do carnavalesco Mauro Xuxa - que foi vice-campeão do Grupo Especial pela
Tatuapé em 2016 - o Imperador sonhava voltar a elite do carnaval, mas acabou sofrendo com desfile muito problemático. A comissão de frente não foi uma
das melhores. Os componentes apresentaram falta de sincronia na coreografia, inclusive nas apresentações para as cabines do júri. Além disso, a
fantasia era muito simples e um componente da comissão não estava com um
adereço na perna. As alegorias e fantasias também
foram pontos negativos do desfile. Os carros eram de difícil concepção e
apresentaram muitas falhas de acabamento. As fantasias, muito irregulares, também tinham problemas de finalização. A evolução foi outro quesito que prejudicou o Imperador: formaram-se dois buracos, um entre o primeiro casal de MS&PB e o
carro abre-alas, e outro, entre uma ala e o último carro da escola. De positivo, tivemos o primeiro
casal de MS&PB, que se apresentou satisfatoriamente, e a bateria, que ousou em paradinhas; e na apresentação para a cabine julgadora na torre 6, valendo-se de uma
coreografia que levantou o público. O samba-enredo também foi um dos destaques, mesmo recebendo notas baixas.
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A última colocada do Acesso, Estrela do Terceiro Milênio (Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize) |
Em último lugar e rebaixada à terceira divisão, ficou a Estrela do
Terceiro Milênio. A escola, que veio do Grupo I sonhava em se manter no Acesso, apesar da missão ser muito difícil. Abrir os desfiles de domingo era complicado, mas a agremiação do Grajaú não deixou a peteca cair. Com um desfile surpreendente e
luxuoso, a Estrela iniciou o desfile com pé direito.
As fantasias foram uma das mais belas que passaram no
domingo, o conjunto era muito colorido e bem acabado. As alegorias também foram
outro show a parte, apesar de terem passado apagadas - o que influenciou nas
notas. Outro ponto positivo foi o primeiro casal de MS&PB, que muito muito entrosado, se apresentou com correção. A bateria levantou a arquibancada e passou com um ótimo andamento. Ademais, os componentes cantavam com muita alegria e pareciam se divertir no
desfile. A escola, infelizmente também
apresentou alguns pontos negativos. O enredo foi de difícil compreensão na
avenida, o samba-enredo, apesar de ter sido bem conduzido pelo intérprete
Vaguinho, não rendeu como o esperado. Apesar de ter feito uma apresentação com claras pretensões de permanência no grupo, a Estrela sofreu com o excessivo rigor dos juízes, e acabou rebaixada ao Grupo I.
Assim terminamos a nossa análise
sobre as colocações dos desfiles do Grupo Especial e Acesso. E você, o que
achou dos desfiles do Acesso? Concorda com o resultado? Dê seu veredito!
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