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Carnavalize


Por Leonardo Antan


Chegaram ao fim os treze desfiles do grupo especial carioca e o que se viu foi uma das brigas mais regulares e disputadas da história do carnaval. Apresentando trabalhos primorosos em aspectos plásticos e musicais, diversas escolas se colocaram na briga pelas primeiras posições, cada uma apresentando erros e acertos em seus vários quesitos. No geral, nenhuma agremiação fez um desfile arrebatador e que saiu na frente como a possível campeã de modo inânime. 

A noite começou num delicioso alívio cômico, a São Clemente apresentou as vigarices brasileiro num excelente e criativo trabalho plástico de Jorge Silveira. O artista devolveu a identidade irreverente e crítico da preta e amarela num excelente trabalho em enredo, alegorias e fantasias. Apesar disso, a agremiação não incorporou o bom-humor proposto e passou de modo frio na pista, falhando em harmonia e evolução. De uma crítica mais incisiva vamos a um desfile despolitizado e que cantou Brasília de modo burocrático. A Vila Isabel fez uma fábula brasileira que passou pelos cantos do país para chegar na construção de nossa capital, a azul e branco apresentou um trabalho com bastante bom-gosto e requinte de Edson Pereira, se destacando ainda em harmonia e bateria. Com poucas falhas, a escola se firma como uma das principais favoritas. 

O Salgueiro homenageou o palhaço Benjamin de Oliveira e trouxe o universo circense para a Avenida. Logo no início, uma emocionante e bem executada comissão de frente encantou a plateia. O desfile apostou em mergulhar em elementos da cultura circense e trazer menos a figura do homenageado, que acabou apagado no desenvolvimento do enredo. O trabalho plástico de Alex de Souza foi mais tradicional e não apresentou grandes soluções estéticas, os quesitos mais problemáticos da escola foram evolução e seu samba-enredo. Permanecendo na região tijucana, saímos do morro salgueirense para o Borel. A azul e amarela reencontrou Paulo Barros em seu desfile, mas o bem-sucedido casamento de outrora não teve o mesmo brilho. Em uma plástica irregular e fraca, a escola teve ainda problemas em enredo e Comissão de Frente, que se mostraram confusos e mal desenvolvidos. O destaque positivo vai para o samba-enredo bem cantado por Wantuir, a bateria Pura Cadência e o bom trabalho de fantasias desenvolvidos por Marcus Paulo.


Salve a Mocidade! A estrela da Zona Oeste enfim cruzou a pista homenageando Elza Soares, uma baluarte estelar da agremiação. O enredo muito bem conduzido por Jack Vasconcelos apostou numa linguagem mais tradicional com fantasias emplumadas e alegorias que apostaram em imagens de fácil leitura. A apresentação emocionante foi bem ainda em bateria e harmonia, mas um dos poucos quesitos que apresentaram problemas foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, contratados há poucos da festa, eles não demostraram tanta sintonia. Para encerrar a noite, a Beija-Flor fez um belo reencontro com sua estética opulenta e volumosa de antigos carnavais. O enredo, que mais uma vez passeou pela história da huminidade deixou a desejar, mas a agremiação teve um trabalho plástico de altos e baixos. A escola teve problemas graves de evolução, com um enorme contingente, ela correu para sua apresentação e abriu diversos clarões sobre a pista. 

Ganha aqui, tira aqui. De todas as escolas que passaram pela Avenida e se credenciaram pela briga das primeiras posições, cada uma apresentou seus erros e acertos na disputa. É um carnaval disputado e de alto nível que vimos este ano. Vamos conferir o que nos reserva a apuração.


Ouça também nossas análises das apresentações com nossos membros Leonardo Antan e Felipe Tinoco e o jornalista Leonardo Dahí, disponível em todas as plataformas digitais clicando aqui.




Confira como cada escola se apresentou em todos os quesitos:



São Clemente: Crítica bem humorada e fácil leitura marcam boa abertura da segunda-feira



Vila Isabel: com tema frágil mas muito opulenta, escola se credencia à briga



Salgueiro: resistindo ao sorrir, escola se põe na disputa



Unidos da Tijuca: com estética decepcionante, Pura Cadência dá show em desfile irregular



Mocidade: esperada homenagem traz soluções plásticas tradicionais e coerente enredo



Beija-Flor: Nilópolis se reencontra esteticamente no encerramento do carnaval


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Por Redação Carnavalize

Encerrando a temporada de desfiles do carnaval 2020 (lamentos de tristeza pelo momento), a Beija-Flor de Nilópolis contou a história dos caminhos, passagens e ruas na Avenida. Depois de um resultado vergonhoso e que deixou os nilopolitanos pra lá de insatisfeitos no carnaval passado, a escola buscou se realinhar ao molde tradicional de seus desfiles.

A comissão de frente foi coreografada por Marcelo Misailidis e teve como amparo cenográfico vários automóveis. O efeito de motos compostas em seu corpo por duas pessoas - e com mais dois integrantes nelas montadas, se mostrou gratuito, mesmo porque logo em seguida os bailarinos adentram o tripé, quando então, no próximo momento, começa a dança do grupo. Coreograficamente, a comissão teve um ótimo resultado, com impactos de corpo muito fortes, fazendo uma releitura sobre entidades como Exu. Os craques Claudinho e Selminha fizeram uma boa apresentação, mas os giros de Selminha no início da dança pareciam carregados de tensão. Apesar disso, a coreografia foi bem desenrolada pelos dois.
Imagem da alegoria da escola que trazia os caminhos retratados por Debret. (Foto: Felipe de Souza)

A dupla formada por Alexandre Louzada e Cid Carvalho devolveu à escola toda sua opulência, característica da Beija-Flor, em falta nos últimos carnavais. Narrativamente, o enredo se mostra indefinido, passeando por ruas e caminhos, num desenvolvimento genérico e sem um bom norteador definido. A abordagem já passou diversas vezes em outros enredos da própria escola: passeios pelas antigas civilizações, pelo Brasil, fé, lugares imaginários, etc. As alegorias da escola poderiam ser perfeitamente encaixadas em inúmeros outros temas. O conjunto alegórico, apesar de bonito e interessante dentro da proposta da escola, tinha pequenos problemas de acabamento, partes mal adereçadas. O trabalho de fantasias optou pelo clássico, apostando em costeiros opulentos, a escola passou bem vestida mas não trouxe nada de novo. O resultado do carnaval da Beija-Flor pode agradar aos jurados, mas não disse a que veio.
Alegoria que retratou Copacabana, a "princesinha". (Foto: Vitor Melo)

A harmonia da escola se mostrou competente como sempre. Com um grande contingente, a escola teve uma evolução mais lenta e com alguns buracos, além de correr para encerrar sua apresentação, mas terminou seu desfile dentro do tempo regulamentar. A bateria fez uma apresentação excelente e Neguinho voltou a brilhar, com destaque para sua gargalhada quando o refrão principal do samba saudava Exu.

Num carnaval equilibrado e regular, a Beija-Flor é mais uma das escolas com erros e acertos que deve brigar pelo título. 

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Por Redação Carnavalize

Embalada por um dos enredos mais fortes e representativos do carnaval, a Mocidade exaltou sua própria divindade: Elza Deusa Soares. A homenagem à uma das maiores cantoras do país, nascida em Moça Bonita, na favela da Vintém, e a própria estrela de luz independente, foi conduzida pelas linhas do carnavalesco Jack Vasconcelos, que assinou seu primeiro carnaval pela escola.

Jorge Teixeira e Saulo Finelon, coreógrafos da comissão de frente da Mocidade, desenvolveram um bom trabalho. Na apresentação, a jovem Elza, sempre destemida, se via coagida por homens e, ajudada por outras mulheres, conseguia se livrar deles. A partir de então, Bellinha Delfim, que representava Elza, dançava e sonhava, sempre com a lata d'água na cabeça, até o momento em que as estrelas do sucesso surgiam e prenunciavam a carreira da estrela. O uso de hologramas nas cabeças das bailarinas e num pano de fundo a serviço do grupo trouxe uma solução com imagens interessantes, mas lineares, sem um exato momento de explosão. Apesar dos bons efeitos, houve uma queda na "energia" do segundo ato. Diogo Jesus e Bruna Santos fizeram sua estreia como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira em uma apresentação irregular; a falta de experiência de Bruna, que tem um trabalho de crescimento (muito possível, ressalta-se) pela frente, não abrilhantou a passagem dos dois. 
Detalhes do carro que trouxe a carreira de Elza na televisão, casas de show e rádio. (Foto: Vitor Melo)

Jack desenvolveu um enredo linear sobre a vida de Elza, sem fugir às expectativas, com um desenvolvimento competente, contando os principais momentos de sua trajetória e suas lutas. Visualmente, a escola apresentou um conjunto de alegorias menos inspirado no que diz respeito à beleza esperada para o tema, principalmente em formatos e cores. Notou-se alguns problemas de acabamento e finalização dos carros, que podem comprometer as notas da Mocidade no quesito a quesito. Porém, há de se destacar que o conjunto de fantasias mostrou certa superioridade, com formas e soluções criativas e uso de plumas, não visto no desfile de escolas que passaram anteriormente. O uso de cores careceu de maior inspiração. Em aspectos gerais, Jack postou em uma estética mais tradicional.
As belas baianas independentes, que relembravam Mãe Menininha do Gantois, ano de desfile em que Elza entoou o samba da escola. (Foto: Vitor Melo)

A bateria do mestre Dudu fez um ótimo desfile, com boas bossas, mas pouco se ouviu a voz de Wander. O carro de apoio brilhou mais que o intérprete, com vozes como Millena Wainer. A harmonia se mostrou regular, assim como a evolução. 

Com uma importante, necessária e esperada homenagem à Elza, a Mocidade briga pelo sábado das campeãs.
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Por Redação Carnavalize

Unidos da Tijuca + virada de década + Paulo Barros de volta à casa. Qual o resultado? Muitas alegorias humanas, efeitos de led e uma estética com toda a pinta do carnavalesco. Quarta escola a desfilar nesta segunda-feira, a agremiação do Borel passeou pela arquitetura e urbanismo brasileiros no enredo "Onde moram os sonhos".

A comissão de frente, comandada por Jardel Lemos, mais um ano não arrebatou as arquibancadas. Em uma apresentação inexpressiva, tentou-se surpreender pelo efeito do led que mudava de cor nas malhas trajadas pelos integrantes, que representavam lápis. Além de problemas com a iluminação, visualmente não foi agradável. O melhor momento foi a formação de um chafariz que jorrava água, mas, ainda assim, o grupo não cumpriu bem a missão de apresentar a escola. O casamento dos trabalhos de Jardel e Paulo era muito esperado, mas não rendeu os melhores frutos. Alex Marcelino e Raphaela Caboclo, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, fizeram uma boa apresentação, mas a coreografia pouco explorada não proporcionou brilho à dança dos dois, que foram apenas corretos em suas execuções.
Traço já característico do carnavalesco, não faltou alegoria humana na escola. No palco do meio da alegoria, surgiam componentes que preenchiam o vazio. (Foto: Felipe de Souza)

O esperado retorno de Paulo Barros à Unidos da Tijuca apresentou uma série de falhas em quesitos de sua responsabilidade, como alegorias e fantasias. O enredo saiu do Rio de Janeiro, passeou pela antiguidade, chegou à Brasília e retornou ao Rio; a confusão narrativa não explorou a história da arquitetura de forma eficiente. Seria interessante se o desenvolvimento seguisse a proposta humanista da letra do samba, o que não ocorreu. Paulo Barros apostou em pequenos tripés destacados nas alas que traziam os prédios e construções apresentados no enredo; não surtiram efeito, mas foi uma aposta interessante ao mexer na estrutura da linguagem do desfile. As alegorias apresentaram alguns problemas de acabamento em um conjunto muito fraco, tendo sido a Catedral de Brasília o destaque positivo. Críticas ao último carro são direcionadas à presença dos componentes com camisas do enredo; o figurino carecia de maior cuidado e inspiração. Tudo isso não se aplica ao conjunto de fantasias, que se mostrou interessante e foi um quesito bem defendido por Marcus Paulo, o responsável pelo desenvolvimento deste setor da escola. A Tijuca passou bem vestida.
A última alegoria tijucana. (Foto: Felipe de Souza)

A Pura Cadência do mestre Casagrande fez jus à fama de uma das melhores baterias do carnaval, em uma excelente apresentação, que manteve um andamento confortável para o samba e valorizou as lindas letra e melodia. Wantuir também merece elogios. A harmonia tijucana foi irregular, ao passo que a evolução da escola se mostrou eficiente como sempre.

Com um desfile pouco inspirado de Paulo Barros, a escola deve brigar do meio para o fim da tabela. 
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Por Redação Carnavalize

Não há pré-temporada que resista às expectativas do desfile salgueirense. Com o enredo "O rei negro do picadeiro", o Salgueiro esteve mais "quietinho" que o habitual em seus preparativos para o grande dia, mas não houve quem não estivesse curioso para ver o que Alex de Souza, em seu terceiro carnaval pela escola, preparara para este carnaval.

A comissão de frente foi assinada pelo veterano Sérgio Lobato. Na apresentação, o grupo contou com um enorme tripé como palco, vazado dos dois lados e ricamente decorado com itens que compuseram belamente a cena. No ato, o menino Benjamim sonha e, ao acordar, se vê palhaço, voltando do sonho coroado como rei. A coreografia emocionou muito o público e foi uma das melhores comissões que passaram pela Avenida nos dois dias, ao lado de Mangueira e Grande Rio. Experientes e premiados, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei e Marcella, mostraram que tantos bons resultados não são o suficiente para detê-los. Em uma notável crescente a cada ano, os dois sabem exatamente como agradar os jurados sem perder o calor da dança; o amor pelo pavilhão é notório. Até aqui, os dois despontam no topo dos melhores casais que passaram pela pista.
O belíssimo tripé da comissão de frente salgueirense, que apresentou uma das melhores passagens pela Avenida. (Foto: Felipe de Souza)

Alex de Souza mostrou um interessante trabalho, impulsionado desde o início por uma bela abertura. A aposta do carnavalesco foi em uma estética de circo hollywoodiano, marcado temporalmente na virada do século XIX para o século XX, inspirado na belle époque. Em entrevista ao Podcast do Carnavalize, ele afirmou que era uma aposta consciente de que o retratado na Avenida poderia fugir à realidade circense brasileira à época de Benjamim, mas apresentou poética e estética muito interessantes. Apesar de formatos pouco inovadores, as alegorias do Salgueiro se mostraram bem acabadas; a paleta de cores investiu no vermelho e branco da agremiação. O enredo passou pelas atuações do Benjamim em outras áreas, como o teatro e a música; no fim das contas, falou-se muito dos elementos circenses e pouco de Benjamim. O conjunto de fantasias teve momentos de altos e baixos. Algumas alas tiveram momentos criativos menos interessantes, mas não prejudicaram a leitura nem a ainda opulência.
Os ricos detalhes da alegoria que trouxe ciganos. (Foto: Vitor Melo)

A bateria Furiosa fez uma apresentação correta; a atuação de Emerson e Quinho deixou a desejar, talvez prejudicados pelo som da Sapucaí. A harmonia da escola foi um dos destaques, mas a evolução ficou comprometida por alguns buracos abertos ao longo da pista.

Embora exista a possibilidade da escola ser prejudicada em evolução, com uma bela mensagem o Salgueiro se credencia pela volta no sábado das campeãs.
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Por Redação Carnavalize

Segunda escola do último  dia de desfiles do grupo especial, a Unidos de Vila Isabel entra na avenida com o enredo “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”, em comemoração aos 60 anos de Brasília a proposta é contar em uma narrativa lendária a história do Brasil valorizando o povo brasileiro que construiu a cidade com suas mãos e suor.                                             

A comissão de frente mais um ano comandada pelo experiente e premiado coreógrafo Patrick Carvalho trouxe bailarinos interpretando indígenas que se transformavam em onças ao longo da apresentação, tecnicamente bem executada mostrou domínio do coreógrafo sob seus bailarinos.      Pelo quarto ano juntos, Raphael e Denadir formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel. A dupla  buscou inspirar-se nos grandes espetáculos de dança, se apresentaram bem, porém a pista molhada e pequenos problemas de sincronia deixaram a apresentação abaixo do esperado.                                                     

O apuro estético foi o grande destaque do desfile da Vila Isabel. (Foto: Felipe Tinoco)
Esteticamente, a escola seguiu com a opulência vista em 2019, destaque para o abre alas que chamou a atenção sendo composto por três chassis. O conjunto de fantasias de muito bom gosto, mas o conjunto alegórico passou por alguns altos e baixos ao longo do desfile.                                           Ponto alto do carnaval passado a bateria regida pelo mestre Macaco Branco mais uma vez garantiu a Swingueira de Noel como destaque.
Detalhes do carro que trouxe o símbolo da escola. (Foto: Felipe Tinoco)

Apesar da narrativa frágil, o bom encadeamento do enredo, passeando pelas regiões brasileiras até chegar a construção de Brasília, garantiu um bom entendimento. Frisa-se, porém, que Brasília não era o enredo em si, como anunciado em um primeiro momento, mas uma fábula poética sobre o Brasil, em tom menos politizado.           
               
Com sua opulência, trabalho de chão impecável, a boa atuação do intérprete Tinga que segurou muito bem o samba, espera-se que a comunidade do Morro dos Macacos seja muito bem avaliada pelo júri garantindo uma boa colocação na quarta-feira de cinzas.
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A primeira escola a se apresentar no segundo e último dia de desfiles do grupo especial, a amarela e preta da Zona Sul teve como tema “ O Conto do Vigário”. Em seu terceiro ano como carnavalesco da São Clemente, Jorge Silveira reforça o vínculo com a comunidade e reconecta a escola a sua identidade crítica e irreverente. A ideia do carnavalesco foi caminhar pelas vigarices e trambiques que permeiam a história do Brasil desde o período colonial até as atuais fake news.                                                                                  

A Fiel Bateria desfilou vestido de laranjas com belos infláveis.

A comissão de frente foi comandada por Junior Scapin, coreógrafo que em 2019 estreou arrebatando as arquibancadas da Sapucaí. Os componentes apresentaram coreografias com movimentos bem cênicos e longas que não deixaram um significado evidente como a escola pretendia, ao passar pelo primeiro módulo de jurados o tripé voltou-se a cabine atrapalhando a visão da arquibancada. Pelo segundo ano juntos, Fabrício Pires e Giovanna Justo formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da São Clemente, o casal mostrou evolução, sintonia em relação ao ano passado, porém a coreografia representando o bailado da corte poderia ter sido melhor trabalhada.                                                    
O grande destaque da escola foi o excelente e criativo trabalho plástico de Jorge Silveira. O conjunto alegórico, sintetizou de forma clara e coesa o enredo, apostando numa crítica bem-humorada. Como marca autoral do carnavalesco, passaram pela pista fantasias alegres, cartunescas e de fácil leitura. O quarto carro trazia o humorista Marcelo Adnet interpretando o atual presidente em forma de crítica social mais contemporânea e levantou a Sapucaí.            
       
O último carro do desfile lembrou as fake news contemporâneas.

A Fiel Bateria do mestre Caliquinho passou bem mais um ano, em alguns momentos percebeu-se um pouco a falta de sintonia entre os três intérpretes no carro de som. Apesar do desfile marcar um amadurecimento do carnavalesco a escola repetiu os problemas históricos de harmonia e evolução, e mais um ano a escola provavelmente irá disputar espaço no meio da tabela.
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Por Leonardo Antan


Numa noite com desfiles de alto nível, as escolas de samba fizeram seu primeiro dia de apresentações na Sapucaí este ano. Das setes a se exibirem na noite, o que se viu foram trabalhos plásticos interessantes e de teor elaborado e criativo, mesmo com a crise financeira. Marcando assim uma noite competitiva em que desfilaram escolas tradicionais da folia carioca. 

Abrindo a festa, a Estácio de Sá fez uma ótima abertura com a batuta criativa da renomada carnavalesca Rosa Magalhães. A artista fez uma interessante e bem executada apresentação sobre a história da Pedra, desde a antiguidade às viagens espaciais. Um belo trabalho em fantasia também impulsionou o conjunto da escola, que teve problemas apenas em poucos quesitos. Logo depois, a noite seguiu vermelho e branco com a Viradouro. A escola de Niterói fez uma apresentação luxuosa e grandiosa, defendendo bem seus quesitos. O destaque, entretanto, foi a parte musical da agremiação. O já famoso Ensaboa animou a Sapucaí com uma ótima harmonia da alvirrubra. Além disso, um dos grandes destaques  foi a bateria do mestre Ciça, executando uma bossa de timbal tocada por duas mulheres que vinham montadas em um tripé, no meio dos ritmistas, e arrancou aplausos das arquibancadas.

A atual campeã do carnaval foi a terceira escola a se apresentar. A releitura da história de Jesus da Mangueira trouxe um visual mais tradicional e que recontou passagens bíblicas com o apuro estético irretocável de Leandro Vieira. A Comissão de Frente do casal Segredo (Rodrigo Neri e Priscila Motta) foi o grande destaque da apresentação, apostando em imagens impactantes. A bateria passou correta e apesar do samba com uma bela letra, a verde e rosa não explodiu e fez um desfile mais técnico. Permanecendo nas comunidades próximas a região de São Cristóvão, a Paraíso do Tuiuti se exibiu na sequência. O enredo sobre diferentes Sebastiões (o rei e o santo) foi um dos pontos altos da escola, que teve um bom trabalho do carnavalesco João Vitor Araújo em fantasias e alegorias. O senão da escola foi mais uma vez problemas em evolução e harmonia, quesitos que devem tirar pontos preciosos da azul e amarela. 

É pedra preta! Fazendo todo mundo incorporar, a Grande Rio fez a mais impressionante apresentação da noite. Começando por uma belíssima comissão de frente, uma ótima performance de seu casal e uma das mais belas aberturas dos últimos anos, a tricolor se credenciou na briga pelo título. O trabalho estética da dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad se mostrou irretocável, se pautando em referências artísticas que trouxeram alegorias e fantasias requintadas e de extremo bom-gosto, mesclando formas artesanais e tons opacos. Apesar, problemas de pista prejudicaram a evolução da tricolor da baixada. 

Logo depois, a União da Ilha apostou uma forte crítica social para sua apresentação. Num estilo mais realista, a escola tentou trazer imagens de impactos que se mostraram de gosto duvidoso e apelaram para o sensacionalismo. Na falta de um enredo bem desenvolvido e uma sequência interessante de alas e alegorias, os únicos destaques positivos da agremiação insulana foi o canto valente e forte de sua comunidade e a atuação impecável de sua bateria. A evolução da tricolor também foi problemática, fazendo a escola estourar em um minuto o tempo máximo regulamentar. 

Da Ilha vamos à Madureira, a Portela transformou a Sapucaí numa grande aldeia indígena para encerrar os cortejos de domingo, com o dia já amanhecendo. A dupla de carnavalescos Renato e Márcia Lage apostaram numa estética mais tradicional e opulenta. Na pista, mais uma atuação irretocável em quesitos como harmonia e evolução, como desfila bem a azul e branco. Os únicos senões da apresentação foi a fraca Comissão de Frente e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, já que Lucinha enfrentou sérios problemas na segunda cabine de jurados, apesar da sua experiência. 

No geral, o que se viu foi uma noite de alta qualidade artística, sobretudo na aposta de desfiles com linguagens completamente diferentes e interessantes entre si. Ganha a festa com apresentações de tão alto nível e com apostas estéticas e musicais que valorizam as personalidades das agremiações e seus artistas. A diversidade é fundamental.

Você pode ouvir nossas impressões sobre os desfiles no nosso podcast, disponível em várias plataformas digitais:

▶ Spotify: http://abre.ai/resumao-spotify

🍎 Apple Podcast: http://abre.ai/resumao-apple

🎙Google Podcast: http://abre.ai/resumao-google

Confira como cada escola se apresentou em todos os quesitos:


Estácio de Sá: tirando pedras do próprio caminho, escola faz bela abertura



Viradouro: alvirrubra ensaboa a Avenida em apresentação exuberante


Mangueira: em bela homenagem a Jesus, verde e rosa emociona em apresentação morna



Tuiuti: em homenagem a seu padroeiro, escola se põe na briga pelo sábado


Grande Rio: problemas de evolução podem prejudicar plástica requintada e excelente samba



 União da Ilha: forte chão e crítica controversa dão o tom no desfile insulano



Portela: cortejo técnico exalta Guajupiá




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Por Redação Carnavalize

Encerrando o primeiro dia de desfiles, a Portela cruzou a Avenida com o enredo "Guajupiá, terra sem males", desenvolvido pelos novos carnavalescos da escola, Renato e Márcia Lage. Com o dia já claro, a escola ferveu a Sapucaí até os últimos minutos.

A comissão de frente foi comandada por Carlinhos de Jesus, que elaborou uma coreografia muito bem marcada, com passos indígenas. Simbolizando um ritual tupinambá, o uso do led para representar o fogo se mostrou duvidoso e até dispensável; outras soluções cênicas comporiam muito melhor a apresentação. O efeito foi imples: um homem era posto deitado e trocado por um boneco, que tinha sua cabeça arrancada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, fez uma boa apresentação em frente ao primeiro módulo de jurados. A fantasia de Lucinha incorporou uma barriga de gestante, o que visualmente surpreendeu pelo realismo, mas não acrescentou à beleza ou à técnica do casal. Em frente ao setor 6, Lucinha sofreu um pequeno tropeço e acabou enrolando o pavilhão no mastro. Apesar disso, graças à expertise da veterana, há chances de descarte da nota, a depender da apresentação nas outras cabines de julgamento.
Casal da Portela enfrentou contratempo, mas fez bela apresentação para o primeiro módulo de jurados. 

Os Lages fizeram uma linda releitura da tradicionalíssima águia da Portela e apostaram numa abertura azul e branca, cores tradicionais da escola. A partir do segundo setor, houve um excelente uso de cores, que passearam pelo verde e pelo amarelo, solucionando muito bem a paleta para o desfile que se realizou com o dia claro. O conjunto alegórico tinha formas simples, mas também belas esculturas e se mostraram muito bem acabadas, mostrando diferentes elementos indígenas, ao contrário das fantasias que, apesar de bem feitas, se repetiram por algumas vezes. Dentro do proposto, o enredo se mostrou bem desenvolvido. O destaque negativo recai sobre a última alegoria, mais urbana, que destoou muito do restante.
Detalhes da alegoria denominada "Maloca". (Foto: Felipe de Souza)

Em termos de harmonia, a escola passou quicando, com um canto de altíssimo nível. A evolução se mostrou perfeita e Gilsinho mostrou o porquê é considerando um dos maiores intérpretes do carnaval carioca.

Apesar dos deslizes da comissão de frente e do casal, a Portela fez um lindo encerramento do primeiro dia e se credencia à briga pelo título.
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Por Redação Carnavalize

Sexta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí, a União da Ilha levou à Sapucaí um enredo realista, com os mesmos ares que apresentou a Beija-Flor, em 2018. Sem qualquer coincidência, Laíla, que fez o desfile campeão citado anteriormente, chegou à escola para reforçar a equipe insulana e afastar as chances de rebaixamento.

A comissão de frente trouxe uma mensagem sobre a importância da educação, amparada em um elemento cenográfico com uma escultura gigante de uma mulher grávida. A barriga se abria e uma criança saia de dentro para a inversão de ato; o segundo momento apresentava um grupo com diversos profissionais de diferentes ofícios, todos moradores da favela. A simples apresentação teve como ponto mais forte a traseira do elemento, que girava e trazia um livro com o rosto de Carolina Maria de Jesus e uma frase da escritora. Coreograficamente, não houve qualquer momento de maior empolgação. Representando Seu Zé e Maria Navalha, Phelipe e Dandara, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, foi o ponto de maior destaque do desfile. Apesar da indumentária exótica dos dois, o casal fez uma boa sequência de movimentos obrigatórios.
Segunda alegoria insulana trouxe cenas do cotidiano urbano. (Foto: Felipe de Souza)

Dentro do conjunto alegórico, o destaque vai para o carro abre-alas, sendo ele o melhor tradutor da proposta cênica, apesar de alguns equívocos, como as esculturas dos helicópteros que pediam paz e apresentaram narrativa confusa. A escola apostou em uma crítica concisa, aos moldes nilopolitanos, que não se desenhou nas fantasias e nas alegorias de maneira clara. A falta de um fio condutor e uma sequência lógica prejudicaram o desenvolvimento do enredo. As fantasias representavam profissões e seguiram uma sequência de imagens que não levavam a lugar nenhum, mas que tiveram algum êxito na tentativa de carnavalizar essas profissões. O conjunto deixou a desejar também na paleta de cores e no uso de materiais, além de não terem estabelecido um diálogo com as alegorias. Aliás, as próprias alegorias não estabeleciam uma comunicação interna do conjunto. A aposta cênica no carro que retratava um ônibus com imagens cotidianas, inclusive a de um assalto, se mostrou totalmente dispensável enquanto conteúdo a ser consumido na Avenida.
Alegoria que representou a justiça social e o desequilíbrio entre ricos e pobres. (Foto: Felipe de Souza)

A Baterilha foi um dos pontos altos do desfile. Apesar do samba de baixa qualidade, a harmonia da escola fez um ótimo trabalho e Ito Melodia conduziu brilhantemente o canto da escola. Com muitos problemas de evolução, a escola teve problemas com sua terceira alegoria e abriu um imenso clarão na pista, o que a fez correr para cruzar a pista. De toda forma, a escola estourou o tempo em um minuto.

Com um desfile repleto de equívocos narrativos, estéticos e erros de evolução, a Ilha deve brigar pelas últimas posições.
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Por Redação Carnavalize

Quinta escola a desfilar, a Grande Rio foi uma das escolas mais comentadas como potenciais postulantes do título no pré-carnaval. O motivo? Um belo time composto por Gabriel Haddad e Leonardo Bora no cargo de carnavalescos e, sobretudo, o enredo que aqueceu Caxias: "Tata Londirá- O canto do caboclo no quilombo de Caxias", uma homenagem à indecifrável e plural figura de Joãozinho da Gomeia, o pai de santo mais famoso do Brasil.

A comissão de frente foi coreografada pelo experiente casal Beth e Hélio Bejani.  O grupo contou com o apoio de um grandioso tripé e a apresentação foi dividida em dois momentos bem definidos: o primeiro deles, as iabás e João menino. Num segundo momento, surgem as visões da infância que profetizavam o encontro de Joãozinho com seu caboclo, Pedra Preta, dentro de um espelho d'água ricamente iluminado, com um efeito arrebatador e que arrepiou as arquibancadas. A comissão cumpriu com maestria o objetivo de apresentar o enredo, finalizando sua passagem com o símbolo da escola e a frase "respeita o meu axé". O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, fez uma excelente apresentação. Trajados na mais bela fantasia até então, os dois mostraram o resultado de um bom trabalho ao longo do ano, com muito entrosamento, firmeza e leveza. 
A mensagem final da comissão de frente da Grande Rio. (Foto: Felipe de Souza)

O trabalho visual foi riquíssimo. As alegorias apresentaram um trabalho plástico de alto nível, com muitas referências a artistas como Abdias Nascimento, Carybé e Djanira. Os setores foram bem marcados e o conjunto de fantasias apresentou soluções diferentes ao longo do cortejo e ótimo uso cromático. Os aspectos "artesanais" deram um charme todo especial às decorações dos carros. O enredo percorreu da ancestralidade, com a infância de Joãozinho e suas visões, até sua feitura como pai de santo na Bahia e a posterior transferência para Caxias. Sua participação no carnaval e a importância na vida pública, mais especificamente em sua relação com personagens importantes à sua época que frequentavam a Gomeia caxiense, foram relembrados. Ao fim, um grande pedido de paz e combate à intolerância religiosa deram o recado final do legado da figura plural que foi e é Joãozinho da Gomeia. Louva-se a clara leitura, mesmo com o tom academicista e de pesquisa profunda investida no desenvolvimento do enredo.
A riqueza de detalhes das alegorias chamou atenção. (Foto: Felipe de Souza)

A bateria de mestre Fafá fez uma ótima passagem e as bossas afro fizeram sucesso com as arquibancadas. No setor 6, porém, o samba foi atravessado. A comunidade passou animada, com uma boa harmonia, e o grande problema da escola ficou por conta da evolução. O andamento instável e problemas com o acoplamento do abre-alas, bem como um clarão aberto pela quarta alegoria em frente ao setor 6, devem resultar na perda de décimos no quesito já citado. 

A escola certamente garantirá uma posição no sábado das campeãs e, apesar dos contratempos, briga pelo título.
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 Por Redação Carnavalize

Em um enredo totalmente identificado com sua comunidade, o Paraíso do Tuiuti, quarta escola a desfilar, levou para a Avenida o encontro de São Sebastião, padroeiro da cidade e da escola - sincretizado como Oxóssi - e Dom Sebastião, o rei que se encantou no Marrocos e, segundo a lenda, vive no reino submerso dos encantados e circula como um touro negro pela Praia dos Lençóis nas noites de lua cheia. Inflamada pela chegada do elogiado carnavalesco João Vitor Araújo, a agremiação não deixou de relembrar as flechas diariamente lançadas sobre o povo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A comissão de frente fez um bom trabalho ao apresentar a escola: com momentos interessantes, o grupo retratava uma procissão rumo ao morro do Tuiuti, onde o santo encontrava o rei e o desflechava, ponto alto da apresentação. O apuro estético das fantasias e do elemento da comissão poderia ser mais zeloso, apesar da proposta simples.

A escola fez uma bonita abertura, investindo num abre-alas com tom dourado e lindos touros azulejados na parte frontal do carro. O conjunto alegórico se mostrou um tanto irregular, mas merece destaque a beleza da segunda alegoria, que trazia Dom Sebastião flechado na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos; a iluminação e o efeito de areia no carro despertaram interesse e são dignos de elogios. Os carros subsequentes deixaram a desejar em solução criativa. O tripé que trazia o sebastianismo de Canudos, com Antônio Conselheiro, parecia acanhado em comparação ao restante do desfile. A última alegoria trouxe uma linda imagem de São Sebastião, mas careceu de melhor cuidado com a parte traseira, que trouxe um uso excessivo de plotters. As fantasias formaram um conjunto irregular: as primeiras alas passaram com capricho, mas ao longo do tapete oscilou entre momentos em que se notava figurinos mais enxutos e outros com mistura cromática que não proporcionou um bom efeito visual. O enredo, que contou com o auxílio de João Gustavo Melo, se mostrou bem resolvido e fez boa utilização da mistura entre o santo e o rei. O trabalho de João Vitor, em sua segunda passagem pelo Grupo Especial, merece aplausos.
O abre-alas do Tuiuti. (Foto: Felipe de Souza)

A bateria do mestre Ricardinho fez uma apresentação correta. A escola demorou a entoar o samba e também enfrentou problemas de harmonia. A evolução contou com pequenos buracos e, no final, houve correria para terminar dentro do tempo regulamentar, repetindo as dificuldades nos dois quesitos em que a escola mais perde pontos.
A alegoria do palácio submerso de Dom Sebastião. (Foto: Felipe de Souza)

Alternando entre momentos de deslizes e outros que encheram os olhos dos foliões, o Tuiuti deve brigar por uma vaga no meio da tabela.
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Por Redação Carnavalize

Vítima de ataques de diversos grupos religiosos no pré-carnaval, a Mangueira foi a terceira escola a cruzar a Sapucaí com o enredo "E a verdade vos fará livre", uma história que percorreu as diversas faces de Jesus Cristo. Neste domingo verde-e-rosa, Leandro Vieira retratou um Messias nascido nos dias de hoje, dialogando a todo tempo com as identidades das minorias sociais dos tempos atuais, como negros, homossexuais, indígenas e mulheres.

A comissão de frente, comandada pelo gabaritadíssimo casal Priscila Mota e Rodrigo Negri, iniciou sua apresentação sem utilizar qualquer elemento cenográfico em formato de tripé, mas pequenos cubículos alinhados que, em determinado momento, formavam até uma cruz. O grupo mostrou a competência de seus coreógrafos e também de seus bailarinos, em uma dança muito sincronizada e bem executada. Grandes imagens surgiram ao longo da apresentação, como uma revista policial em Jesus e a famosa imagem da Santa Ceia recriada. Vale pontuar a adequação das roupas dos componentes, todas em tecido jeans, representando uma moda contemporânea e urbana. O término da apresentação conduzia ao morro da Mangueira, um novo local da ressureição de Jesus dentro desta releitura. O premiado casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Squel Jorgea, trouxe uma bela fantasia, muito diferente do que se vê entre os casais, e fez uma excelente apresentação. Cabe lembrar que Squel não perde qualquer décimo desde 2015, "tradição" que deve se manter por mais um ano.

O enredo apresentou menos questões atuais do que o esperado, mas não fugiu à releitura da história de Jesus a que se propunha, apostando em pequenas rupturas, sendo raramente apresentado em sua imagem clássica. A escolha cromática do desfile merece elogios, e os pontos altos foram a ala e a alegoria que representava o domingo de ramos, com adereços de mão que proporcionaram efeitos interessantes. O apuro estético, já conhecido do trabalho de Leandro, se manteve por mais um ano. As fantasias tiveram boas soluções de materiais, mas deixaram levemente a desejar na paleta de cores, que oscilou em determinados setores. Foi o melhor trabalho de fantasias de Leandro, mas com alguns problemas de acabamento - cabeças caindo e os componentes segurando pra poder evoluir e, no último setor, ala com alguns integrantes tirando a cabeça pra recolocar porque caíram em frente ao juri.
O abre-alas trouxe o nascimento de Jesus. Alcione e Nelson Sargento eram seus pais. (Foto: Felipe de Souza)

A bateria de mestre Wesley fez uma correta apresentação, com destaque para a bossa funk, muito bem executada. A escola deixou a desejar na empolgação, com um bom rendimento do samba e uma boa evolução, mas sem grandes momentos de explosão.
A crucificação do jovem negro. (Foto: Felipe de Souza)

Com uma apresentação de muitos pontos altos e pequenos deslizes, a Mangueira deve figurar na parte de cima da tabela.
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Por Redação Carnavalize

Segunda a escola a desfilar neste domingo, a Viradouro foi muito comentada durante o pré-carnaval, largando na disputa já dotada de favoritismo. Com o enredo "Viradouro de alma lavada", a alvirrubra contou com a assinatura dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon para contar a história das Ganhadeiras de Itapuã na Avenida.

Alex Neoral foi o responsável pelo comando da comissão de frente. O grupo era inteiramente formado por mulheres e apresentou um trabalho interessante e muito bem coreografado; representando as lavadeiras, tiveram um bom momento de dança no chão da Avenida e posteriormente subiram no elemento cenográfico, onde se revelava um enorme aquário com uma sereia Oxum. A comissão fez uma boa apresentação em frente ao primeiro módulo de jurados, mas enfrentou problemas no setor 6 com a roupa de uma das suas integrantes. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, mostraram a cumplicidade de sempre. Julinho, um dos melhores mestre-salas do grupo, fez uma excelente apresentação; Rute, por sua vez, executou giros mais leves. Apesar dos bons momentos, houve erro de sincronismo em um dado momento que a porta-bandeira parou antes do mestre-sala. 
Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Julinho e Rute. (Foto: Vitor Melo)

Esteticamente, a escola fez uma excelente abertura. As alegorias eram altas, exuberantes, tinham boa volumetria e abusaram das cores metálicas. Todos possuíam muito zelo em sua realização. O último carro passou apagado, piscando levemente em frente ao primeiro módulo de jurados e assim seguiu por mais um trecho até acender mais adiante. Aliás, as duas últimas alegorias eram mais simples que o restante do conjunto, mas a diferença não chegou a ser gritante. O conjunto de fantasias foi bem trabalhado e as primeiras alas abriram o desfile com de forma espetacular. O enredo fez uma bela homenagem às ganhadeiras e foi bem desenhado, apesar de pouco aprofundado. 
Alegoria de apresentação das ganhadeiras. (Foto: Felipe de Souza)

Um dos grandes destaques da passagem da escola foi a bateria do mestre Ciça, que extasiou a Avenida com uma bossa de timbal tocada por duas mulheres que vinham montadas em um tripé, no meio dos ritmistas, e arrancou aplausos das arquibancadas. Contudo, vale frisar que o andamento do samba passou aceleradíssimo. O samba rendeu muito bem e harmonia teve um excelente rendimento. O único problema de evolução ficou por conta de um buraco aberto em frente ao setor 6, sem quaisquer outros imprevistos.

Driblando a ingrata posição de desfiles, a escola fez um excelente desfile e se credencia à briga pelas primeiras posições.
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