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Carnavalize

 

Arte de Vítor Melo. 

Autor: Igor Trindade
Revisão: João Vítor Silveira e Marcelo D. Macedo.


Guaracy Sant’anna foi um cantor e compositor carioca, nascido em 13 de agosto de 1955. Passou a vida no Engenho da Rainha, bairro do subúrbio carioca e ingressou na Polícia Militar, onde trabalhou a maior parte da vida. Sua trajetória como artista foi marcada por diversos sucessos. O maior deles é, sem sombra de dúvidas, o samba “Sorriso Aberto”, faixa-título do disco de Jovelina Pérola Negra em 1988, cantado por nove em cada dez rodas até os dias atuais. Jovelina também eternizaria “Catatau”, “Sonho Juvenil (Garota Zona Sul)” e o samba enredo da GRES Em cima da Hora, “33 – Destino de D. Pedro”, composto para o carnaval de 1984.

Anteriormente, Neguinho da Beija Flor já havia gravado o samba “Problema Social”, em seu disco “Ofício de Puxador” de 1985, música que seria depois relançada por Seu Jorge no álbum “Ana e Jorge” de 2005. Almir Guineto gravou o conhecido partido “Destino de Maria”, no disco “Sorriso Novo” também em 1985, além de “Eterno Companheiro” e “Batendo na Palma da Mão” no disco “Perfume de Champanhe” de 1987.

O Grupo Só Preto Sem Preconceito lançou a famosa “Viola em Bandoleira” no disco “O Quinto Segredo” de 1996. Mais tarde, “Singelo Menestrel” foi gravada em 1999 por Dudu Nobre, álbum homônimo. 

Uma curiosidade sobre os sambas “Sorriso Aberto” e “Viola em Bandoleira” foi contada pelo primo de Guará, o cantor e compositor Xandy de Pilares, durante uma live com a cantora Teresa Cristina no ano de 2020. Segundo ele, esses sambas eram originalmente lentos e, só a partir das primeiras gravações é que se tornaram mais rápidos, sofrendo até discretas alterações na melodia.

SAMBAS ENREDO


E se a trajetória nos sambas de meio de ano foi brilhante, a sua contribuição para os sambas de enredo não foi somente vencedora, mas também reconhecida. Guará ganhou três Estandartes de Ouro seguidos com seus sambas-enredo, todos no grupo 1B (equivalente ao grupo de acesso/série ouro atual): Em 1984, com o famoso “33 – Destino de D. Pedro II” pela Em Cima da Hora (Reeditado em 2008 e novamente em 2022), em parceria com Jorginho das Rosas; em 1985; Pelo Acadêmicos do Engenho da Rainha, “Não Existe Pecado do Lado de Baixo do Equador”, junto com Marco de Lima e De Minas; Em 86, triunfou na mesma agremiação com “Ganga-Zumba, a Raiz da Liberdade” (Reeditado em 2007), em parceria com De Minas, Bizil e com o mitológico Jacy Inspiração. Guará também é autor do Samba de 1983 da Em Cima da Hora, com “Enredo sem Enredo”.

CONFUSÃO ENTRE HOMÔNIMOS


“Guará” é um apelido comum a vários compositores ao longo dos tempos; por conta disso, os registros são confusos em relação a autoria de diversas músicas. Outro compositor muito gravado e que, vez em quando, é confundido com o protagonista deste texto é Guará da Empresa, multi campeão de Sambas Enredo, também parceiro de Almir Guineto e Beto sem Braço; este sim, com verbete no Dicionário Cravo Albin, que, aliás, confunde os dois Guarás. 

As empresas que controlam os direitos autorais têm informação precária sobre as obras, alguns sambas gravados sequer têm autoria confirmada. Por conta disso não se pode comprovar a origem de algumas canções atribuídas ao Guará de Cavalcanti. Na esteira dessa confusão sobre homônimos, há algum tempo corre a dúvida se o partido alto “Dalila, Cadê Guará” (Arlindo Cruz/Almir Guineto) se refere ao Guaracy Sant’anna, estória que foi desmentida pela filha dele, Iara Sant’anna, em consulta para produção deste texto.

A VOZ DO COMPOSITOR


A voz do Mestre Guaracy Sant’anna pode ser ouvida no raríssimo LP “Aconteça o que Aconteça”, de 1984, disponível no site do Instituto Memória Musical Brasileira (immub.org). Neste disco “pau de sebo”, nome que se dava a álbuns gravados por vários artistas em conjunto – Um disco como esse revelou Zeca Pagodinho – Guará canta “Viola Em Bandoleira” e a faixa-título, que seria depois lançada em compacto por ele mesmo e, mais tarde, regravada por Almir Guineto. Neste disco também cantam Ivo Meirelles, Efson, Preto Jóia, entre outros compositores da época.

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO


Guaracy Sant’anna faleceu aos 33 anos, dia 13/07/1988, no seu auge, assassinado a tiros em um crime ainda sem esclarecimento. 

Apesar disso, a memória desse baluarte brasileiro, negro e suburbano permanece viva nas rodas de Samba populares. Mesmo tendo obras eternizadas na voz de grandes intérpretes, ainda está longe de escapar da invisibilidade comum a tantos gênios negros e pobres que o Brasil formou com sua complexidade, que vivem e morrem no anonimato, sem rosto, sem direitos nem ascensão social. Nesse contexto, é necessário contar vida e obra em detalhes, divulgar novas músicas, gravar inéditas e falar sobre eles, para que ao menos tenham algum (tardio) reconhecimento.

HOMENAGENS

Após sua morte, Guará foi homenageado em algumas ocasiões. Jovelina Pérola Negra escreveu com Carlito o samba “Poeta do Morro” em 1990, gravado no álbum “Amigos Chegados”. O grupo Chora Menino, de SP, lançou “Tributo ao Mestre Guará” no LP “Canto das Raças Axé” de 1992. No CD “Pagode pra Valer”, gravação do ilustre Pagode da Tia Doca, pode-se ouvir uma homenagem das mais emocionantes. Ao gravar “Sorriso aberto”, o grupo substituiu no fim o canto a plenos pulmões do tradicional “Lalaiá” pelo verso “Essa é a homenagem ao Guará”.

Fontes e Contribuições


Ajuda de Gláucia Marinho, Raphael Ruiz, Guilherme Zanfra, Alvinho (Dep. Cultural GRES Em Cima da Hora), Joanna Joannou.
Depoimento informal de Iara Sant’anna, filha de Guaracy Sant’anna.

Página Papo de Samba:
https://web.facebook.com/arielmenestrel/posts/505780843767265?_rdc=1&_rdr
Instituto Memória Musical – www.immub.org 
Site Galeria do Samba - https://www.galeriadosamba.com.br
Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_vencedores_do_Estandarte_de_Ouro
Doc “Partideiros” - https://www.youtube.com/watch?v=ytsMg3skOzc


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 por Luise Campos

Clementina de Jesus da Silva nasceu, de acordo com registros oficiais, no dia 7 de fevereiro de 1901, em uma casa construída por seu pai aos pés da capelinha de Santo Antônio do Carambita, na cidade de Valença, interior do estado do Rio de Janeiro. Em algumas ocasiões, ela mesma chega de declarar que seu nascimento aconteceu em 1902, como no depoimento gravado para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.

Buscando uma vida melhor, seu pai, Paulo Baptista, decide vender todas as suas posses para se mudar com mulher e filha caçula para a capital em 1908. A família chega no Rio de Janeiro em meio às reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos, que deslocou a população mais pobre para longe dos grandes centros. Nesse contexto, foram morar em Jacarepaguá, na Zona Oeste do município. O bairro ainda mantinha um ar bucólico de interior, com chácaras, casebres e currais, herança ainda das fazendas de café de um passado não muito distante.

Passou a estudar em regime de semi-internato para que seus pais pudessem trabalhar. Dentre as atividades do colégio, havia as aulas de canto. As alunas que se destacavam garantiam participação no coro da capela do orfanato Santo Antônio. Foi o caso de Clementina, dando início à sua trajetória muito cedo, já chamando a atenção por sua voz estrondosa.

Logo foi convidada por um vizinho para sair como pastorinha em um folguedo. João Cartolinha era mestre de pastoril e pediu autorização ao pai de Quelé para que ela pudesse participar do cortejo, dado o seu talento musical nato. Foi esse mesmo personagem que começou a leva-la para um clube chamado Moreninha de Campinas, perto de Oswaldo Cruz, onde Clementina começou a ter contato com os mestres do samba.

Nesse contexto, ela passou a frequentar os sambas da região e se tornou diretora do bloco Quem Fala de Nós Come Mosca, uma das agremiações carnavalescas que agitavam os arredores e que fizeram parte das movimentações que deram origem à Portela, que Clementina passou a frequentar após a fundação.

Essa época marca o envolvimento mais profundo de Quelé com manifestações populares e religiosas de matriz africana. Ali ouvia pontos de trabalho e cantigas e participava de jongos e caxambus, presentes em sua vida desde criança em Valença. Tudo ia compondo seu repertório de vida, mas não necessariamente de fé. Sua mãe era benzedeira e as duas moravam perto de um terreiro de candomblé, onde Clementina ia cantar. Por prazer, não por crença.

Passou sua vida nesse ambiente, dando suas palinhas, mas não era cantora profissional. Aos 62 anos, sobrevivia como trabalhadora doméstica. Mas essa realidade viria a mudar quando foi descoberta poeta e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho. Ouviu sua voz pela primeira vez em 1963, quando Clementina festejava o dia de Nossa Senhora da Glória aos pés do outeiro com muita bebida e comida ao som de samba e partido-alto. A segunda aproximação aconteceu semanas depois, na inauguração do Zicartola. Mas a definitiva viria a ser em 1964, novamente durante as festas de Nossa Senhora da Glória. Clementina estava com seu marido Pé Grande e amigos e cantava o samba-enredo da Vai Como Pode de 1933. Hermínio os levou para seu apartamento e conseguiu registrar algumas canções em um gravador caseiro.

Desse episódio em diante, a então empregada doméstica pôde sonhar mais alto. E realizar. Começaram suas apresentações no meio artístico, brilhou no musical Rosa de Ouro idealizado pelo mesmo Hermínio Bello de Carvalho e conquistou definitivamente a crítica. Isso já aos 64 anos de idade. Dois anos depois, viajou ao Senegal para representar o Brasil no I Festival Mundial de Artes Negras. Depois se apresentou em Cannes. Em agosto do mesmo 1966, seria lançado seu primeiro disco solo. Enfim o reconhecimento merecido e necessário chegara.
Sua relação com as escolas de samba é de uma vida inteira. Na Mangueira, eternos amigos feitos desde os tempos de Zicartola. Em 1978, foi intérprete do G.R.E.S. Quilombo, puxando o samba-enredo de Wilson Moreira e Nei Lopes ao lado de Paulinho da Viola, João Nogueira e Martinho da Vila. Completando esse trio, a Portela. Sim, Clementina tinha três escolas do coração. Em 1983, foi homenageada no desfile de Beija-Flor, que apresentou o enredo “A grande constelação de estrelas negras”, de Joãosinho Trinta e ganhou o Estandarte de Ouro na categoria Destaque Feminino. Mas sua saúde debilitada não lhe permitiu receber o prêmio em mãos: seis dias após o desfile, sofreria uma isquemia cerebral, que a deixaria internada.

Quelé deixaria o hospital um pouco mais tarde. Mesmo com a idade avançada e muitas limitações impostas pelo passar dos anos, ainda gravaria mais um disco e receberia a honraria de ter um show em sua homenagem realizado, com participação sua, no Theatro Municipal, em 1º de agosto de 1983. Viria a falecer em 1987. Em 1988, mais um reconhecimento, agora póstumo, nos versos do samba composto por Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila para o histórico Kizomba, Festa da Raça, da campeã Unidos de Vila Isabel: “O ô nega mina/ Anastácia não se deixou escravizar/ Ô ô Clementina/ O pagode é o partido popular”. O G.R.E.S. Tradição foi outra agremiação que não deixou que seu legado ficasse esquecido e alcançou o vice-campeonato com o enredo “Clementina, Cadê Você”, de Leandro Valente. Em 2022, será a vez de a Mocidade Alegre prestar sua homenagem.

Ainda assim, a sensação que nos fica é a de tantas delas aconteçam – e que aconteçam –, e ainda assim não serão suficientes para honrarmos o privilégio de termos vivido a glória de termos Clementina em nossa história. A bênção, Quelé!


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