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Carnavalize

 



por Artur Paschoa

Mais uma vez, o resultado final da apuração das notas dos desfiles das escolas de samba de São Paulo deixou aqueles que acompanhamos o carnaval paulistano com um gosto amargo na boca. Pela segunda vez em quatro carnavais, quatro escolas empataram no topo da tabela do Grupo Especial, definindo-se o título através de notas em teoria descartadas. Essa situação não é mero acaso, mas fruto de um modelo de julgamento implementado e reforçado pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (LigaSP) nos últimos anos.

Fundamentalmente, o modelo adotado pela LigaSP estabelece grandes restrições à possibilidade dos jurados de penalizarem as escolas, diminuindo o número de pontos retirados das agremiações e produzindo dois fenômenos simultâneos: apurações cada ano mais acirradas, como evidenciado pela ocorrência dos dois empates quádruplos, e a chamada “chuva de 10”, já característica das apurações paulistanas. Não se trata de simples impressão; neste ano, das 504 notas atribuídas pelos jurados às 14 escolas do grupo especial, apenas 120, ou 23,8%, não foram a nota máxima. A título de comparação, no carnaval carioca, 46,9% das notas atribuídas tiveram desconto.

Ainda mais grave que a banalização da nota 10 — que ironicamente o manual do julgador da própria LigaSP alerta como prejudicial ao espetáculo — é o desequilíbrio gerado entre os próprios quesitos em julgamento. Neste ano, pela terceira vez consecutiva, nenhuma escola do grupo especial foi penalizada no quesito Samba-enredo, desconsiderando os descartes. Ora, qual o sentido de um quesito que não é capaz de diferenciar a apresentação das escolas? É justo dizer que não houve qualquer diferença qualitativa em letra e melodia entre os 42 sambas do grupo especial que passaram pelo sambódromo do Anhembi nos últimos três carnavais?

Infelizmente, o problema tampouco restringe-se ao quesito Samba-enredo: Harmonia, que neste ano não penalizou nenhuma agremiação, retirou apenas um décimo em 2020 e dois décimos em 2019; Bateria, um décimo neste ano, dois décimos em 2020 e nada em 2019; Enredo, dois décimos neste ano, quatro em 2020 e três em 2019.

Mais do que a simples constatação de que quatro dos nove quesitos em julgamento foram virtualmente inúteis nos últimos carnavais, fica evidente a desvalorização dos quesitos musicais e de chão, em favor dos quesitos visuais e coreográficos. Neste ano os quesitos que mais despontuaram as escolas foram Evolução (1,3 ponto) e Mestre-sala e Porta-bandeira (1,2 ponto); em 2020, Alegoria (4,1 pontos) e Fantasias (2,6 pontos), que juntos foram responsáveis por mais da metade do total de deduções; e em 2019 Alegoria (2,4 pontos) e Comissão de Frente (2,3 pontos) — naquele ano, todos os demais quesitos somados foram responsáveis pela subtração de apenas mais 2 pontos.

A Águia de Ouro conquistou seu primeiro título na folia em 2020. (Foto: R7)


Esse modelo produz graves distorções sobre o que entendemos como a manifestação cultural e artística das escolas de samba. Hoje, uma agremiação paulistana que não possua a mesma estrutura de barracão ou patamar financeiro, com alegorias e fantasias que não atinjam o mesmo nível de acabamento que de suas coirmãs, por exemplo, não consegue mais encontrar na força de um enredo poderoso ou de um grande samba a possibilidade de se colocar em pé de igualdade. 

Evidentemente que a trajetória recente das agremiações reconhecidas como mais tradicionais da folia paulistana é bastante complexa, mas não é difícil ver o impacto desse modelo de julgamento sobre escolas que sempre tiveram no samba e no chão seus principais trunfos. Não custa lembrar que neste ano, o Vai-Vai foi novamente rebaixado ao Grupo de Acesso I, onde se juntará à Nenê de Vila Matilde e ao Camisa Verde e Branco; Leandro de Itaquera e Unidos do Peruche disputarão ano que vem a terceira divisão do carnaval paulistano. Não se trata de achar que essas escolas merecem tratamento especial, mas de entender que o modelo de julgamento da LigaSP prioriza aspectos de um desfile diferente daqueles em que essas agremiações costumam se destacar, deixados de lado na avaliação oficial.

Ao ultrapassarmos a camada meramente quantitativa das deduções em cada quesito e nos debruçarmos sobre o que efetivamente vem sendo penalizado, encontramos um problema ainda mais grave. O manual do julgador da LigaSP torna explícita sua busca por um julgamento estritamente “objetivo”: “O julgamento é a tentativa de dar consistência técnica a um desfile de escola de samba, fazendo com que os julgadores se tornem a média matemática do espetáculo, levando em consideração menos sua subjetividade e mais critérios técnicos previamente definidos que ‘medem’ o equilíbrio de cada escola. (...) Lembramos que não é função do julgador gostar ou não da exibição de um quesito, mas sim analisar o desempenho técnico do mesmo”.

O manual ainda define com grande detalhamento o que deve ou não ser punido em cada um dos quesitos, e em que medida, apresentando inclusive uma lista de “termos subjetivos” interditados de serem utilizados nas justificativas das notas. A consequência dessa metodologia que busca a objetividade absoluta é um julgamento mais semelhante a uma conferência de critérios que devem ser cumpridos do que à avaliação de uma expressão artística e, portanto, inerentemente subjetiva. Ironicamente, o manual da LigaSP estampa logo na terceira página uma frase do pesquisador Hiram Araújo: “Se o ato de julgar fosse simplesmente uma conferência de requisitos básicos, não haveria a necessidade de jurados e sim uma comissão fiscalizadora realizaria o trabalho”.

Para não ter dúvidas de que o corpo de jurados da LigaSP tem atuado mais como comissão fiscalizadora do que como órgão capaz de efetivamente produzir um julgamento sobre o que é apresentado por cada escola, basta olhar com mais atenção para a maneira como a entidade instrui os jurados a realizarem seu trabalho. Primeiramente, a tarefa de “ponderar e analisar até que grau a agremiação cumpriu a totalidade dos requisitos”, nas palavras de Araújo, é tomada pela própria entidade, que apresenta para cada quesito uma tabela que indica qual deve ser o desconto aplicado à nota para a quantidade de “ocorrências” de cada agremiação. Além disso, a tabela ainda indica e exemplifica quais são essas ocorrências passíveis de punição, por vezes dividindo em subquesitos.

O quesito Alegoria, por exemplo, um dos principais responsáveis pelas deduções dos últimos anos (0,8 ponto neste ano, 4,1 em 2020 e 2,4 em 2019) é subdividido pela LigaSP em Execução — se as alegorias apresentadas estão de acordo com o descrito pela escola na pasta entregue aos jurados —, Realização — variação de cores e formas, proporção das esculturas e volumetria da alegoria — e Acabamento. Fica claro que há pouco ou nenhum espaço para avaliação da concepção das alegorias, ou seja, se transmitem a mensagem proposta pela escola para aquele momento do desfile e se o fazem de maneira plasticamente adequada. 

É vedada ao jurado a possibilidade de avaliar se a produção artística da escola é interessante, se engaja e atrai visualmente, ou se oferece uma plástica simplória e monótona. Seu trabalho se limita, portanto, a uma simples conferência. Os elementos estão de acordo com o descrito na pasta? Não há rasgos ou amassados? As esculturas estão na proporção “correta”? Se o conjunto de alegorias preencher todos os requisitos, o jurado é forçado pelo manual a conceder a nota máxima, ainda que possa ter uma opinião diferente sobre a plástica apresentada.

Observando as justificativas dos jurados de Alegoria no carnaval deste ano, das 20 notas inferiores à máxima, 13 se tratava apenas de problemas de acabamento nas alegorias, quatro apontavam também problemas de proporção nas esculturas, três a presença de elementos alheios à alegoria e uma a divergência com o apresentado na pasta. O mesmo se repete nas justificativas apresentadas para o carnaval de 2020, em que as falhas de acabamento são responsáveis pela grande maioria dos pontos deduzidos.

A Tucuruvi criticou os rumos da folia paulistana em seu desfile em 2022. (Foto: Metrópoles)


Tal filosofia de julgamento, baseada na tentativa invariavelmente frustrada de enquadrar em critérios absolutamente objetivos uma manifestação de natureza artística, incentiva as escolas não a uma produção cultural complexa, ousada ou impactante, mas à reprodução de modelos simplistas, de fácil produção e acabamento, seja em alegorias, aqui tomadas como exemplo, ou em qualquer dos demais quesitos. Alguma escola paulistana ousaria a criação de uma alegoria produzida inteiramente de lixo do carnaval, que dificilmente pode ser descrita com exatidão numa pasta, como a apresentada pela Grande Rio no encerramento de seu carnaval campeão deste ano? Não porque falte criatividade ou competência aos artistas e trabalhadores engajados na produção do carnaval paulistano — mas as escolas topariam o risco de sofrerem sanções de “acabamento”, “proporção” ou “fidelidade à pasta”?

Na prática, esse modelo de julgamento tende a um acomodamento completo das escolas, a esta altura já acostumadas à produção de desfiles protocolares, muito mais propícios a produzirem bons resultados na apuração. Na busca por um carnaval livre de “subjetividades”, a LigaSP se livrou também da criatividade, da ousadia e da inovação em todas as diversas facetas de uma manifestação cultural tão complexa quanto as escolas de samba. Ao invés de rumar “ao maior carnaval do Brasil”, os desfiles das escolas de samba paulistanas rumam a passos largos à monotonia e ao esquecimento.

Corrigir o rumo ainda é possível, mas as mudanças precisam ser drásticas e imediatas. É preciso olhar para as raízes do carnaval de São Paulo, como nos mostrou este ano a Acadêmicos do Tucuruvi em seu desfile-protesto, cuja colocação quase no fim da tabela é a prova viva daquilo que critica:

"E hoje a alma do sambista
Engessada nessa pista
Onde quem tem muito pode mais
Um show que só impera a vaidade
E o samba de verdade vai ficando para trás
Os baluartes que fizeram nossa história
Esquecidos na memória
Implorando o seu valor
No choro da velha baiana, há esperança no olhar
E a força da nossa raiz ninguém pode calar"



Arquiteto e urbanista pela USP e graduando em Cenografia pela UFRJ, Artur Paschoa integra a equipe do carnavalesco Edson Pereira, atualmente no Acadêmicos do Salgueiro. Participa também do Observatório de Carnaval (OBCAR - LABEDIS/MN/UFRJ), onde desenvolveu pesquisa acerca do imaginário das favelas nos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, e é carnavalesco no Carnaval Virtual.
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Por Redação Carnavalize

Fugindo ao tradicional, esse ano as justificativas saíram antes mesmo dos desfiles das campeãs chegarem. Dois dias após os envelopes serem abertos e o destino do Carnaval de 2022 ser traçado, as argumentações dos julgadores já estão no ar e, mais um ano, o Carnavalize fez aquele filtro bonito para você não ficar de fora dessa aventura.

Em meio a caligrafias caóticas, incompreensões e mensagens bem esquisitas, separamos o que há de mais curioso - engraçado, triste...?! - nas rasuras e nos rabiscos do júri do Grupo Especial carioca. E aí, será que tivemos muitas complicações? Simbora conferir!

FANTASIA:

Fantasia foi o primeiro quesito na ordem de leitura das notas. O julgamento do quesito ficou por conta de Paulo Paradela (módulo 1), Helenice Gomes (2), Regina Oliva (3), Sérgio Henrique da Silva (4) e Wagner Louza de Oliveira (5). De maneira geral, quatro escolas conseguiram gabaritar o quesito e a São Clemente foi a que mais notas baixas recebeu, chegando a perder quase 10 décimos por conta de seu conjunto de indumentárias.


As justificativas do quesito começaram com uma queixa recorrente, mas sempre digna de indignação: o excesso de utilização de cores da agremiação. A jurada esperava um desfile da Mangueira verde e branco? Vale lembrar que a mesma, reclamou em 2016 do excesso de vermelho no desfile do Salgueiro… Ainda não aprendeu muito desde então pelo jeito. 


E nascer Kauê… o Palhaço? No quesito, houve um dos maiores absurdos do ano. Um julgador simplesmente tirou ponto da ala 17 da Unidos da Tijuca por representar um elemento que não existe no cortejo da agremiação. Deve ter havido uma confusão nos abre-alas, já que a ala 17 que representa Palhaços está no desfile da Grande Rio… Calor, sol, cansaço, alguém já estava “monange” das ideias, né?


EXPECTATIVA X REALIDADE



No quarto módulo, o julgador esqueceu de pesquisar um pouco sobre o homenageado Arlindo Rodrigues. Como dissemos no vídeo após o desfile, Rosa Magalhães usou os materiais que o artista introduziu na festa como forma de homenageá-lo, um deles exatamente o acetato. E aí, o jurado tira ponto exatamente pelo excesso de… acetato! Arlindo deve ter se revirado no túmulo depois de um cortejo tão belo da Rainha de Ramos.


Mas nem só de absurdos, viveu o quesito Fantasia, teve quem deixou uma bela mensagem para todas as agremiações e seus profissionais, numa bela mensagem de carinho! Fofa!


HARMONIA:

O julgamento de harmonia é sempre um dos mais questionados no universo carnavalesco, esse ano não foi diferente. O quesito julgado por Bruno Marques (módulo 1), Deborah Weiterschan Levy (2), Jardel Maia Rodrigues (3), Rodrigo Lima (4) e Mirian Orofino Gomes (5) só não penalizou duas escolas, a campeã Grande Rio e a vice Beija-Flor de Nilópolis; as demais todas perderam pelo menos 1 décimo no somatório do quesito.


Durante os julgamentos do quesito, nota-se que os avaliadores estavam mais atentos à afinação e ao excesso de uso de “cacos” na execução do samba. Vários pontos foram perdidos por essa razão em diferentes jurados. 

  

 

Ai que feio... que feio... essa julgadora realmente não gosta de "cacos"


Afinação foi definitivamente o argumento "queridinho" dos julgadores de harmonia, será mesmo que o problema estava na afinação dos intérpretes ou no sistema de som caótico da Avenida? Fato é que foi difícil agradar aos avaliadores esse ano.


COMISSÃO DE FRENTE:


Em um ano abaixo das expectativas com efeitos que não funcionaram e “trambolhões” sem muita utilidade, apenas três escolas gabaritaram o quesito. Apesar disso, apenas Imperatriz e São Clemente foram mais penalizadas, no geral, quase todas escolas perderam entre 1 e 2 décimos no quesito avaliado por Gleice Ribeiro (módulo 1), Raphael David Filho (2), Raffael Araújo (3), Rafaela Riveiro (4) e Paola Novaes (5).

E a prova que ninguém mais aguenta “trambolho” em Comissão de Frente já aparece na justificativa da primeira escola, que teve um dessas alegorias que se mostraram pouco úteis durante a apresentação da agremiação.
 

Outro julgado, também apontou o problema do tamanho da alegoria na Comissão de Frente da VIla Isabel, que deixou pouco espaço para seus integrantes dançarem. Justíssimo!
 

Acreditamos que essa julgadora aqui quis dizer o mesmo, mas é difícil afirmar porque ano vai, ano vem e a caligrafia dela se torna cada vez mais ilegível. Não sabemos o que é mais difícil entender, comissão de frente com elemento carro alegórico ou essa justificativa. 



E nem a Comissão Estandarte de Ouro foi poupada! O grupo da Mangueira, coreografado por Priscilla Motta e Rodrigo Negri, venceu vários prêmios, mas para um dos técnicos faltou “apuro” no elemento cenográfico que representava uma favela, com uma estética mais simples e singela. Da próxima será que precisa de uma favela high-tech?



SAMBA-ENREDO:

Só dar para começar com uma gargalha de incredulidade ao comentar o quesito samba-enredo! Um dos mais julgados do ano, apenas duas agremiações fecharam os pontos máximos. Enquanto alguns dos grandes sambas do ano perderam décimos incompreensíveis, outros receberam demais! Os jurados do quesito foram Clayton Fábio Oliveira (1), Felipe Trotta (2), Alessandro Ventura (3),  Alfredo Del-Penho (4) e Alice Serrano (5). 

Avaliada com bastante má vontade e critério excessivo, a Imperatriz também deixou perdeu décimos em samba-enredo com uma justificativa para lá de incompreensível. O jurado criticou a citação da agremiação às co-irmãs Salgueiro e Mocidade, indicando que isso poderia confundir o público. 

Canta IMPERATRIZ, salve a IMPERATRIZ!

Mas os maiores absurdos de samba-enredo não é nenhuma novidade no julgamento do quesito... Dois jurados apontaram o uso que consideram "excessivo" de palavras e expressões de origem africana. Um dos jurados deixou uma observação geral, ainda que elogiando e destacando a presença de "enredos afros", acredita que alguns sambas podem se afastar do público. 


Samba como os da Portela foram despontuados por essa razão, mesmo que ela tenha apresentado um glossário com as expressões em seu abre-alas. Faltou um pouco de pesquisa para entender e pesquisar melhor as palavras citadas pelo samba, né? Poupava essa vergonha.... 


BATERIA:

O quesito de maior alto nível e equilíbrio do Carnaval carioca continua sendo o de bateria. Com excelentes performance na Sapucaí, oito escolas alcançaram os 30 pontos sob a batuta de seus mestres. Foi bateria também, um dos únicos quesitos, em que a rebaixada São Clemente não teve o pior somatório de notas em comparação com as demais escolas. Os responsáveis em atribuir as notas foram: Mila Schiavo (módulo 1), Phillipe Galdino (2), Rafael Barros (3), Leandro Luís de Oliveira (4) e Ary Jayem Cohen (5).



Sem tantos absurdos no quesito, a gente destaca apenas o "lamento" do jurado que gostaria de ter apreciado melhor a apresentação da Viradouro que acabou não se apresentando perante as primeiras cabines dos jurados. 


E vale o destaque ao apontamento desse jurado também! Para não dizer que só trazemos os destaques negativos, esse avaliador criticou o vazamento de som dos camarotes e como pode prejudicar o trabalho do júri. Justíssimo! 


ALEGORIAS E ADEREÇOS:

Chegando a mais um quesito, dessa vez bastante concorrido, apenas Viradouro e Grande Rio fecharam com os pontos máximos. Uma lida mais atenta, mostra que algumas escolas no quesito, mesmo com vários erros apontados nas justificativas, perderam bem décimos do que deveriam. Os jurados do quesito foram Teresa Piva (1), Madson Oliveira (2), Fernando Lima (3), Soter Bentes (4) e Walber Ângelo de Freitas (5).



O julgamento de alegorias não teve tantos destaques com outros, mas separamos uma passagem curiosa para a Estação Primeira de Mangueira. Nos primeiros módulos, um dos jurados ficou com "peninha" de despontuar o conjunto alegórico assinado por Leandro Vieira. A gente também ficaria!



ENREDO:

Chegando ao quesito Enredo, mais agremiações garantiram a nota máxima, mostrando um alto desempenho do quesito. Lamentavelmente, algumas que também mereciam boas notas acabaram não recebendo, como a Unidos da Tijuca e belo trabalho narrativo de Jack Vasconcelos. Os avaliadores foram Carolina Vieira Thomaz (1), Johnny Soares (2), Arthur Nunes Gomes (3), Marcelo Figueira (4) e Nilton Santos da Silva (5). 

O quesito teve avaliações bastante criteriosas e justas, não achamos nenhum destaque negativo ou absurdo nas pontuações feitas pelos avaliadores. 


MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA:

Um quesito disputado! Os casais mostraram um trabalho de excelência esse carnaval, com vários deles garantindo notas máximas e se mostrando um dos quesitos mais técnicos da folia. Nada menos que metade das agremiações garantiram os 30 pontos válidos. Algumas perdas de pontos foram bastante específicas, como a da Viradouro causada apenas pela perda do sapato do mestre-sala Julinho na primeira cabine. Os jurados do quesito foram Mônica Barbosa (1), Teresa Petsold (2), João Wlamir (3), Paulo Rodrigues (4) e Áurea Hämmerli (5). 


Um das pérolas do quesito, foi uma jurada que cobrou o "novo" para a apresentação de Matheus Olivério e Squel Jorgea, da Mangueira. Mas, sabemos, cada dia é um momento inédito para uma justificativa tão sem sentido como essa!


E teve ainda recado de jurados aos mestre-salas... Achamos uma discussão pertinente, que vale o registro. Confiram: 



EVOLUÇÃO:

Encerrando nossa lista, o quesito Evolução foi um dos mais problemáticos do ano, com várias falhas no quesito. Ainda assim, cinco agremiações garantiram notas máximas na avaliação dos 5 julgadores: Gustavo Paso (1), Gerson Martins (2), Verônica Cristina (3), Matheus Dutra (4) e Lucila de Beaurepaire (5).



Um destaques das justificativas do quesito não foi exatamente digno de perda de pontos, mas um jurado que deixou sua observação sobre a falta de apresentação da bateria da Viradouro no primeiro módulo. O julgado deixou aperto a possibilidade de debates e conversas sobre o assunto. Vem aí o ciclo de debates sobre Baterias e suas apresentações em módulo. 


Outra observação pertinente também foi do jurado das últimas cabines, que criticou a atuação de jurado da TV Globo em quase prejudicar a evolução da Grande Rio. Não pode, né repórter! 


E para finalizar nosso passeio pelas pérolas, nada melhor que esse comentário do jurado da primeira cabine de Evolução. Ele deixou a ótima sugestão de promover os empurradores das alegorias da Imperatriz a componentes de ala, já que eles tavam mais animados que os outros desfilantes! Bom demais! 



Ficamos por aqui por esse ano, mas voltamos a qualquer momento! Lembrando que o intuito não é desmerecer o trabalho de nenhum jurado, mas apenas lançar um olhar bem-humorado sobre alguns problemas e inconsistências do julgamento do carnaval que precisam ser debatidos. Queremos sempre o melhor para a festa! Até a próxima!








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Por Redação Carnavalize


Última escola a passar pela Avenida no tão aguardado carnaval de 2022, a Unidos de Vila Isabel celebrou a vida de seu maior baluarte. Martinho da Vila, figura de grande importância para a agremiação e para a cultura brasileira, recebeu da escola do coração os louros pela sua obra e trajetória. A escola também rendeu favoritismo durante o pré-carnaval, aliando a pertinência do enredo à sua confortável situação financeira. No entanto, antes mesmo da escola pisar na pista, estava confirmada a saída do carnavalesco Edson Pereira para a chegada do carnavalesco Paulo Barros para o próximo carnaval.

A comissão de frente, assinada por Márcio Moura, trouxe um ritual tribal angolano, saudando a ancestralidade de Martinho. O corpo de dança apresentou uma coreografia aguerrida e tocou alguns tambores. O ponto alto da abertura da escola foi a aparição do homenageado, quando o belo elemento alegórico se abria e Martinho era coroado por Omolu. A presença do ícone levantou o público, causando frisson. Recém-chegados à agremiação, Marcinho Siqueira e Cris Caldas fizeram uma exibição ousada, apostando em paradas diferentes. O primeiro casal explorou a letra do samba na marcação da coreografia. A dupla estava tecnicamente perfeita.

Abertura da escola impactou (Foto: Pedro Umberto)

No que diz respeito ao enredo, vale dizer que ele deixa a desejar no desenvolvimento, no sentido de que se começa um tema que não é concluído em sequência. Kizomba, por exemplo, aparece três vezes em momentos diferentes do cortejo. O conjunto visual trouxe a assinatura de requinte do carnavalesco, apostando no luxo e na volumetria. As alegorias estavam bem acabadas e mostraram um competente uso de materiais. Os figurinos, por sua vez, eram irregulares, oscilando entre alas boas e outras nem tanto. O destaque ficou por conta da utilização do azul, uma das cores da escola.

Uma das belas alegorias da Vila (Foto: Leonardo Antan)

A bateria de Mestre Macaco Branco “tirou onda” em uma apresentação consistente e empolgante, garantindo um bom andamento para o samba-enredo. A comunidade vibrou e quicou na avenida, evoluindo com fluidez e energia. 

Sem enfrentar perrengues e com quesitos bem defendidos, a Vila se colocou na disputa pelas primeiras colocações. 





 

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Por Redação Carnavalize


Depois de ver o título de 2020 escapar pelas mãos no momento do desempate, a Grande Rio direcionou toda a vontade de vencer para construir o enredo "Fala, Majeté! As sete chaves de Exu", que versa sobre a influência de Exu no cotidiano, se manifestando nas mais variadas formas, lugares e situações, desmistificando a demonização que o racismo religioso atribuiu ao orixá. Estamira, catadora de lixo do Jardim Gramacho, que dizia se comunicar diretamente com Exu, faz a ligação entre a escola e o orixá.

A comissão de frente do casal Beth e Helio Bejani, intitulada “Câmbio, Exu!”, encantou ao tratar justamente da relação entre Estamira e Exu. O orixá foi o personagem central da performance, que, em determinado momento, é erguido em um globo, levantado pela mão de Estamira. O elemento alegórico fez referência ao Jardim Gramacho e trouxe componentes em deslocamentos pendulares, retratando o movimento enquanto preceito de Exu. No geral, a comissão impressionou pelo vigor da dança dos integrantes, pela encenação e gestual perfeitos e pelo capricho do tripé e dos figurinos. Por sua vez, o primeiro casal, formado por Daniel Werneck e Taciana Couto, se exibiu com segurança e sintonia, explorando o espaço cênico. 

Detalhes da Comissão de Frente da escola (Foto: Pedro Umberto)

Multifacetado, como pede Exu, o enredo de Leonardo Bora e Gabriel Haddad é desenvolvido com maestria. O orixá abriu os caminhos para um competente passeio pela cultura afro-brasileira. Impactante desde a volumosa abertura, o conjunto visual se destacou pela concepção arrojada, pela exploração das formas e das cores, pela proposta ousada e muito bem executada. As alegorias e os figurinos não ficaram devendo em nada, com todos os elementos trabalhados com excelência. Cabe ressaltar que a terceira alegoria passou apagada no segundo módulo, mas, felizmente, acendeu na sequência. 
As alegorias da Grande Rio se destacaram pelo primor estético (Foto: Leonardo Antan)

O ritmistas de Mestre Fafá fizeram uma excelente passagem, sustentando o elogiado samba-enredo e garantindo um chão avassalador. A escola teve forte comunicação com a arquibancada, que comprou e cantou o samba. Apesar da evolução lenta em alguns momentos, a agremiação também não teve problemas de evolução, sem buracos ou correria.

Aclamada pelo público, aos gritos de “é campeã!”, a Grande Rio despontou como a grande favorita ao título. 





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Por Redação Carnavalize


Após resultados inexpressivos nos últimos anos, a Unidos da Tijuca passou por uma reestruturação em sua equipe para voltar a sonhar com melhores classificações e até mesmo com o título do carnaval carioca. Com o enredo "Waranã - A reexistência vermelha", a escola contou a história do guaraná e dos sateré-mawé, com uma abordagem pertinente aos dias atuais quanto à temática indígena.

Em seu primeiro trabalho pela agremiação, Sérgio Lobato, ao lado de Patrícia Salgado, trouxe uma comissão intitulada “A reexistência vermelha”, retratando o surgimento da etnia mawé em vários momentos. A abertura da escola contou com um elemento alegórico de proporções medianas, que mostrou a dualidade entre sol e lua, dia e noite, parte da proposta do enredo. O tripé serviu para a troca de personagens durante a performance, que, apesar de densa, se mostrou de fácil leitura, além de competente. Um dos pontos altos foi uma folha de guaraná, aberta ao final pelos integrantes, com os dizeres: “Brasil terra indígena”. Estreando como casal, Phelipe Lemos e Denadir Garcia vieram trajados de vermelho e demonstraram muita sintonia. Sem criar coreografia mirabolante, optaram pelo clássico e pelo bem feito.

Comissão de Frente trouxe forte mensagem (Foto: Lucas Monteiro)

O desenvolvimento primoroso do enredo confirmou Jack Vasconcelos como um dos melhores enredistas do carnaval. A sequência da narrativa é muito clara e bem costurada. Plasticamente, chamou a atenção o espírito de fábula, que se refletiu na paleta de cores, proporcionando uma cromática delirante e um tapete exuberante. O trabalho de sobreposição de formas geométricas também se destacou. No geral, o que se viu foi um lindo conjunto visual. Vale ressaltar a beleza do setor do povo do Guaraná, todo em vermelho.

Uma das belas alegorias da escola (Foto: Leonardo Antan)

A Pura Cadência de Mestre Casagrande passou correta, como sempre, sustentando com maestria o inspirado samba-enredo e a potente harmonia tijucana. Animado, leve, lúdico, o cortejo se mostrou extremamente agradável.

Com uma evolução fluida e sem enfrentar perrengues, a Tijuca se colocou muito forte na briga pelas primeiras posições.







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